10.26.2006

O CELULAR QUE NÃO FALA


O Yahoo recentemente mudou mais uma vez a configuração do seu e-mail, só que pelo menos desta vez deram uma alternativa: quem quiser pode manter a antiga. Como foi o meu caso. Este é mais um dos muitos exemplos da necessidade artificial que nos obriga a mudar constantemente de modelos, padrões, configurações sem dar tempo de nos acostumarmos, de criarmos hábitos e costumes com o que já existe por aí.

Meu primeiro endereço eletrônico foi criado há oito anos, um Hotmail que uso até hoje. Era uma configuração excelente, fácil de visualizar e de usar. Obviamente, mudaram tudo umas duas ou três vezes e hoje seu modelo não chega nem aos pés do antigo, na minha opinião.

O problema é que a maioria dos programadores não se preocupa muito com palavras como memória e tradição e por isso acham que o importante é estar sempre mudando, sempre ´inovando´. E isso vale também para os sites de notícias. Sugiram a um editor de um grande jornal para mudar seu projeto gráfico, sua diagramação de dois em dois anos, para ver a sua reação.

O leitor precisa se identificar não apenas com o conteúdo do jornal ou da revista, mas também com o seu formato. Mas se isso vale para os veículos impressos, por que não vale para os sites, que estão sempre mudando de cara e muitas vezes ficando mais confusos? Só o fato de você ficar procurando aquele ícone que estava sempre no alto da página e agora se esconde no emaranhado de ´novos aplicativos´ já é um incômodo e tanto.

O tema é vasto e pode ser usado em outros meios. Não é à toa que vários jovens estão descobrindo o prazer dos jogos do velho Atari e do Super Nintendo. Os jogos novos têm uma configuração muito melhor, é verdade, mas com raríssimas exceções são de tal complexidade que o número de botões a ser apertado funde a cuca de qualquer um. Simplicidade é uma palavra que essa turma não curte muito.

Enfim, eu duvido que qualquer ser humano saiba usar todas as funções de um moderno controle remoto. E imagino o dia em que, na ânsia por ´novas e importantíssimas funções´, os programadores vão criar um celular que serve para tudo, menos para falar com o outro.

14 comentários:

Anônimo disse...

Mansurca,

Seu texto, simples e direto, reflete em grande parte o que também sinto em relação às páginas da web que visito. Tais mudanças com enauseante freqüência mais atrapalham que ajudam.

Não à toa o Google (campeão de visitas e "benchmark" de todos os similares), há quase 10 anos é simplesmente branco, com um espaço no meio.

Webdesigners e comunicadores visuais serão mais felizes quando descobrirem que "O menos vale mais" !!!

Anônimo disse...

Rico Mansur,

Pobre de nós. Outro dia participei de uma palestra em que uma professora da USP dizia que durante anos resistiu a comprar um celular. Não gostava da idéia. Como começou a desenvolver um trabalho em comunidade indígena do Estado de São Paulo, o cacique disse: mas como professora da USP não tem celular? Até cacique tem celular! Ela correu e escolheu um modelo mais simples possível, sem muitas opções mirabolantes. Ela trabalha com zoonoses na população da aldeia e às vezes surgem pequenas emergências... Mesmo quem quer simplificar a vida, vai sendo arrastado pelo mar das tecnologias cada vez mais complexas.

Anônimo disse...

Ah, as frases de rádio AM, tão ao meu agrado (as frases e as rádios AM): "Se o simples fosse fácil de fazer, já teriam inventado outro 'Parabéns Pra Você'"...

Veja também o que acontece com as camisas de futebol...

O amigo, como sempre, está coberto de razão!
Abraços.

Anônimo disse...

Boa lembrança do Google, Carlos Alberto. Como diz nosso amigo Marcello Brum aí embaixo, a simplicidade não é nada fácil de fazer. As camisas de futebol também são um ótimo exemplo. A cada campeonato mudam tudo e aí onde é que fica a tradição? Lembra quando botaram propaganda da coca-cola na camisa da seleção?

Até cacique tem celular. Poxa, Lilian, este poderia ser o título do artigo. De repente faço uma continuação. Ah, eu ainda não tenho celular!

Anônimo disse...

Mas o amigo não tinha aquele celular da Telemar, que nunca saía de casa? Que fim levou? Achei que só o Trabalhador ainda estivesse no século XIX, mas vejo que vocês são contemporâneos!!!!
Abraços.

Anônimo disse...

O problema do Marcello é que ele tem uma mémória de elefante, André!
Mas, comentando o post em questão, eu adoro computador e celular, mas não deixo de lado minha vitrolinha! O equilíbrio entre digital e analógico é o que importa!
Beijos

Anônimo disse...

Eu tinha um celular da ATL-Ericsson, que foi caríssimo (ainda na época da Telerda), mas só comprei porque não tinha telefone fixo. Depois da privatização, passamos a ter o nosso telefone e aí nunca mais quis saber disso. Acho que eu sou de um século anterior ao Fernando ainda.

Também tenho minha vitrola, Aline, e ainda compro LPs, mas não dispenso um DVD. É o equilíbrio, como você disse.

Anônimo disse...

O problema da Aline é ser muito lindinha...
Também tenho minha vitrola, mas a utilizo cada vez menos, pois estou passando meus discos para CD (até inventarem outra mídia sonora...). Realmente, o som não é o mesmo (o do vinil é melhor), mas a comodidade é inigualável.
Abraços aos amigos e amigas de todos os séculos!!!

Anônimo disse...

Essa discussão sobre a qualidade do som do LP e do CD já deu muito o que falar. Eu ainda gosto muito dos LPs, principalmente por causa dos encartes.

Anônimo disse...

Eu também gosto muito dos LPs. Passo para CD, mas os mantenho. Porém, gosto muito de ouvir música tomando banho (melhor do que me ouvir cantando) e no carro. Nessas duas circunstâncias, LP fica complicado...

Anônimo disse...

É estranho como hj, por incrível q pareça, somos(nós, os encomodados e mal adaptados...rsrs)sufocados por este fenômeno de uma tal maneira q tudo a nossa volta setransforma em mistério... um mistério sem nada de lúdico e muitíssimo sem graça,e por incrível q pareça, sem nada que lembre praticidade e a tão almejada funcionalidade(pq eu nunca vou conseguir entender o q há de pratico e funcional em objetos c/ mais de dez teclas..rs)
Sou anciã de meu próprio tempo, no auge dos meus vinte e poucos anos!!!rs

Anônimo disse...

"Anciã de meu próprio tempo". Bela frase, Cris. Daria para ser o título do artigo.

Beijos.

Anônimo disse...

Concordo com você em gênero, número e grau...Fico impressionada com a capacidade dessas pessoas em inventar coisas novas a todo momento. Inventam tanto que acabam complicando...É... até hoje não entendo pra que, ou por que, um controle remoto tem tantos botões, se normalmente usamos, no máximo uns quatro...rsrsr
Seu comentário final referente o celular não está muito longe não, atualmente os celulares servem mais para tirar fotos ou enviar e-mails do que a função original: falar. Aliás as pessoas hoje falam menos pelo telefone, o que é terrível, normalmente vc utiliza todos os meios de comunicação, msn orkut, e-mail, torpedo e por último se não tiver jeito o telefone...rsrs
Bjos

Anônimo disse...

Eu ainda resisto, Edeilda: continuo sem celular. E levo pelo menos uma hora para entender como funciona um aparelho de som novo. O mais difícil é descobrir onde liga.

Beijos.