No
antigo jornal "O Grito da Zona Oeste", de maio de 1992, o título
"Espaço Cultural de Santa Cruz não sai" se refere ao Palacete Princesa
Isabel, antiga Escola Princesa Isabel e que foi sede do matadouro
inaugurado em 1881, com a presença do imperador D. Pedro II. A matéria
interna tem como título "O engodo permanece" e cobra dos políticos e
autoridades a prometida transformação do prédio, bem degradado após um
incêndio, em centro cultural em um
bairro carente de espaços desse tipo. Hoje, totalmente restaurado, o
prédio abriga o Centro Cultural Dr. Antônio Nicolau Jorge e o
Noph-Ecomuseu de Santa Cruz, com vasto acervo de pesquisas, exposições
permanentes e diversas atividades culturais, tudo o que o jornal
reivindicava há mais de 20 anos.
Muita gente pode indagar o
porquê da presença do imperador D. Pedro II na inauguração de um
matadouro, e ainda assim numa região tão distante do centro da cidade.
Durante muito tempo a cidade só teve um matadouro, inaugurado em 1774,
na praia de Santa Luzia, no centro do Rio, praia que seria depois
aterrada. Este matadouro seria transferido em 1853 para o Aterrado de
São Cristóvão, na atual Praça da Bandeira. Claro, havia também os
clandestinos. Como as normas de higiene eram péssimas, ainda mais perto
do centro de poder, foi pensado um novo lugar para o matadouro, mais
limpo, higiênico e organizado. E como já existia o transporte
ferroviário na cidade, foi escolhido o Campo de São José, que fazia
parte da Fazenda de Santa Cruz. E assim foi feito.
A pedra
fundamental foi lançada em 1876 e a inauguração no dia 30 de dezembro de
1881. A presença do imperador se justificava por ser o matadouro de
Santa Cruz a solução para o abastecimento regular de carne para a
cidade. Para a população local, o matadouro trouxe vários benefícios. O
gerador utilizado, por exemplo, fez com que Santa Cruz fosse o primeiro
bairro da região a ter luz elétrica. Foram construídas também duas vilas
operárias, cujas construções ainda estão lá, assim como a pequena
estação de trem do matadouro, esta bastante degradada.
O atual
Centro Cultural de Santa Cruz foi construído após a inauguração do
matadouro, em estilo neoclássico, tendo ao redor um jardim projetado
pelo francês François Marie Glaziou, responsável pelos jardins da Quinta
da Boa Vista e do Campo de Santana, entre outros. O palacete funcionou
como sede administrativa do matadouro e residência do diretor e dos
médicos que trabalhavam lá. E, como sempre ressaltam os diretores do
Centro Cultural, Walter e Odalice Priosti, ele nunca foi residência da
princesa Isabel, embora ela e seu pai, D. Pedro II, fossem muito a Santa
Cruz.
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