Muita gente já comparou as grandes navegações do passado com as
viagens espaciais. Considero uma analogia bem interessante, tal o nível
de desenvolvimento de inteligência e tecnologia para se atingir os dois
objetivos, sem contar, é claro, uma dose excessiva de coragem, tanto
para se atingir o espaço quanto para desbravar o "mar oceano", ou "mar
tenebroso", como os portugueses chamavam o Oceano Atlântico e o que se
escondia atrás de seu indevassável horizonte.
Falei dos portugueses porque foi este povo que, sufocado entre o restante do continente europeu e o mar, seria o pioneiro das grandes navegações a partir do século XV, o século que veria o nascimento da imprensa, com Gutemberg, em 1454, e o nascimento de gênios como Leonardo da Vinci (1452), Maquiavel (1469), Nicolau Copérnico (1473) e Michelangelo (1475). Como em todos os grandes desenvolvimentos tecnológicos da humanidade, foi muito mais necessidade do que opção.
O estratégico Mar Mediterrâneo era dominado pelos reinos de Gênova, Florença e Veneza, que comercializavam produtos com as caravanas que vinham do oriente, entre eles as cobiçadas especiarias, como canela, noz moscada, erva-doce, pimenta e gengibre. Sua importância? Como na época ainda não havia geladeiras nem freezers, eram essas substâncias que conservavam os alimentos, não por muito tempo, é verdade, mas era o que se tinha. Naquele século, a situação ainda iria piorar após a conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, que tornaria mais fechado ainda o comércio pelo Mar Mediterrâneo e marcaria o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna e o Renascimento.
Portanto, para o pequeno reino de Portugal, só havia mesmo uma saída: o mar. Mas como se aventurar por aquela imensa massa de água, já que as embarcações eram pequenas e frágeis, e como se orientar em alto mar, sem acidentes geográficos por perto? E ainda circulavam, por todo o continente, histórias de monstros fantásticos que habitavam o oceano desconhecido. Foi aí que a busca pelo conhecimento falou mais alto: na Vila de Sagres, no Algarve, teria sido fundada pelo infante D. Henrique, um dos filhos do rei D. João I, em 1417, a Escola de Sagres, um centro de conhecimento que reuniria cérebros privilegiados, geógrafos, astrônomos, matemáticos, e outras especialidades, para desenvolver técnicas de navegação e orientação em alto mar. Também viriam judeus e muçulmanos, que ali estariam protegidos da temida Inquisição, em troca de seus estudos e conhecimentos. O lema da Escola de Sagres seria uma frase do general romano Pompeu: "Navegar é preciso, viver não é preciso".
Os verbos das frases anteriores estão todos na forma condicional porque a existência da Escola de Sagres é um ponto bastante polêmico entre os historiadores, muitos dizem que isso é um mito, que não teria existido uma escola formal de desenvolvimento de técnicas de navegação, um tema que já rendeu muitas teses contra e a favor. Mas há, sim, o consenso de que foi em Portugal que os conhecimentos sobre a navegação marítima mais se desenvolveram naquela época, seja em Sagres ou em qualquer outro ponto do reino, e abriram caminho para as grandes navegações, primeiro pela costa da África, e depois pelo "mar oceano".
Falei dos portugueses porque foi este povo que, sufocado entre o restante do continente europeu e o mar, seria o pioneiro das grandes navegações a partir do século XV, o século que veria o nascimento da imprensa, com Gutemberg, em 1454, e o nascimento de gênios como Leonardo da Vinci (1452), Maquiavel (1469), Nicolau Copérnico (1473) e Michelangelo (1475). Como em todos os grandes desenvolvimentos tecnológicos da humanidade, foi muito mais necessidade do que opção.
O estratégico Mar Mediterrâneo era dominado pelos reinos de Gênova, Florença e Veneza, que comercializavam produtos com as caravanas que vinham do oriente, entre eles as cobiçadas especiarias, como canela, noz moscada, erva-doce, pimenta e gengibre. Sua importância? Como na época ainda não havia geladeiras nem freezers, eram essas substâncias que conservavam os alimentos, não por muito tempo, é verdade, mas era o que se tinha. Naquele século, a situação ainda iria piorar após a conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, que tornaria mais fechado ainda o comércio pelo Mar Mediterrâneo e marcaria o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna e o Renascimento.
Portanto, para o pequeno reino de Portugal, só havia mesmo uma saída: o mar. Mas como se aventurar por aquela imensa massa de água, já que as embarcações eram pequenas e frágeis, e como se orientar em alto mar, sem acidentes geográficos por perto? E ainda circulavam, por todo o continente, histórias de monstros fantásticos que habitavam o oceano desconhecido. Foi aí que a busca pelo conhecimento falou mais alto: na Vila de Sagres, no Algarve, teria sido fundada pelo infante D. Henrique, um dos filhos do rei D. João I, em 1417, a Escola de Sagres, um centro de conhecimento que reuniria cérebros privilegiados, geógrafos, astrônomos, matemáticos, e outras especialidades, para desenvolver técnicas de navegação e orientação em alto mar. Também viriam judeus e muçulmanos, que ali estariam protegidos da temida Inquisição, em troca de seus estudos e conhecimentos. O lema da Escola de Sagres seria uma frase do general romano Pompeu: "Navegar é preciso, viver não é preciso".
Os verbos das frases anteriores estão todos na forma condicional porque a existência da Escola de Sagres é um ponto bastante polêmico entre os historiadores, muitos dizem que isso é um mito, que não teria existido uma escola formal de desenvolvimento de técnicas de navegação, um tema que já rendeu muitas teses contra e a favor. Mas há, sim, o consenso de que foi em Portugal que os conhecimentos sobre a navegação marítima mais se desenvolveram naquela época, seja em Sagres ou em qualquer outro ponto do reino, e abriram caminho para as grandes navegações, primeiro pela costa da África, e depois pelo "mar oceano".
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