10.13.2016

A CONQUISTA DA ÁFRICA

Foi pelo litoral da África que Portugal colocou em prática todo o desenvolvimento tecnológico da navegação marítima que acontecia em seu pequeno reino. A cada nova conquista, observações e correções eram feitas, tudo contribuindo para o grande objetivo, a navegação em alto mar, colocar as caravelas além do horizonte, sem nenhum litoral por perto, nenhum acidente geográfico de referência aos marinheiros, que iriam contar apenas com bússolas, astrolábios, quadrantes e outros equipamentos que já existiam, mas foram aprimorados pelos cientistas que chegaram ao reino e fizeram parte do círculo de especialistas reunidos em torno de Henrique de Sagres.
Era também a busca pelo tão sonhado caminho para as Índias sem precisar passar pelo Mar Mediterrâneo, em busca das tão sonhadas especiarias, contornando o sul da África e atravessando o Cabo das Tormentas, onde tantos naufragaram. A cada nova descoberta, Portugal também já experimentava o modelo econômico que iria usar nas suas colônias, a monocultura voltada para a exportação e a triste página da escravidão dos negros africanos, vendidos aos portugueses (ou trocados) pelos chefes das tribos das quais eram prisioneiros, embora houvesse também o aprisionamento de homens livres, missão realizada pelos próprios portugueses, como aconteceu em 1441 na navegação comandada por Antão Gonçalves, que aprisionou homens livres ao norte do Senegal, que mais tarde seria uma colônia francesa.
O primeiro objetivo seria atravessar o Cabo Bojador, a parte mais ao sul que os portugueses conheciam, embora faça parte do norte da África.
E assim os marinheiros portugueses foram descendo o Oceano Atlântico, na seguinte ordem: Ceuta (1415), Ilha da Madeira (1418), Arquipélago dos Açores (1427), Cabo Bojador (1434, com o comandante Gil Eanes), Ilha de Arguim (1444, onde seria iniciado o sistema de feitorias, fortificações onde era realizado o tráfico de escravos e as negociações em torno de diversas mercadorias), Cabo Verde (1444), Senegal (1450), Ilhas de Cabo Verde (1456), Serra Leoa (1460), Benin (1472), Cabo Santa Catarina (1474), Congo (1483). Assim, todo o litoral africano foi esquadrinhado e explorado por Portugal, amparado pelas bulas papais de Alexandre VI, e que teria seu maior símbolo no Castelo da Mina, em São Jorge da Mina, na Guiné, uma poderosa feitoria que seria o principal núcleo comercial da empreitada portuguesa na África.
Faltava agora apenas o Cabo das Tormentas, o grande desafio. Ultrapassado ele, o caminho para o Oceano Índico e o litoral oriental da África, totalmente desconhecido para os portugueses, estaria aberto. Para realizar esta dificílima missão, seria convocado um comandante para lá de experiente: Bartolomeu Dias.


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