De qualquer forma, uma grande quantidade de cientistas aportou no pequeno reino ibérico naquela época, muitos deles judeus perseguidos pela Inquisição espanhola. Assim, instrumentos antigos, como o astrolábio, a bússola e o quadrante foram aperfeiçoados, entre outros desenvolvimentos, mas foi a invenção da caravela o ápice de toda essa "tempestade de ideias", uma embarcação ideal para a conquista do "mar oceano".
As caravelas eram velozes, tinham de 20 a 30 metros de comprimento e de seis a oito metros de largura. Usava as velas latinas, triangulares, que permitiam, em ziguezague, navegar até com ventos contrários. Por serem mais versáteis, podiam entrar em rios e canais, contornar bancos de areia etc. O casco era bem esguio e comprido, o que permitia manobras rápidas, mas as caravelas não podiam armazenar muitas cargas. À beira do rio Tejo, Portugal acabou se transformando em um grande estaleiro, com milhares de homens trabalhando na construção das novas embarcações. Era a preparação para as grandes navegações.
Para o casco das caravelas, eram empregadas madeiras como pinho e carvalho. Já para calafetar o casco, ou seja, impedir que a água entrasse por alguma fresta, eram usados breu, estopa, resina, alcatrão, cânhamo, entre outros materiais. Para os mastros, era usado, de preferência, pinho do norte da Europa, e as velas eram feitas de lona ou linho, sem contar a grande quantidade de metais, fundidos em vários lugares. Sem dúvida, um grande e caro empreendimento, resultado da vontade política e interesses econômicos do reino e de companhias que se formaram com grande capital.
O principal objetivo era conseguir o caminho marítimo para as Índias contornando a África e, aí sim, obter as tão sonhadas especiarias. Para isso, no entanto, foi preciso avançar, passo a passo, por todo o litoral africano, um trabalho que durou o século inteiro e será tema da próxima coluna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário