A pequena história que vou contar é ficcional, mas acho que representa bem o que acontece quando alguém vai dar uma informação sobre a localização de uma rua no subúrbio carioca, região que conheço bem.
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É aniversário da mãe do amigo de Carlinhos, em um bairro do subúrbio carioca. Eles moravam perto da casa de Carlinhos, também no subúrbio, mas se mudaram. É a primeira vez que Carlinhos vai lá, por isso, pelo telefone, Marli, mãe do seu amigo, tenta explicar a Carlinhos como chegar. Ele a chama, carinhosamente, de tia.
- Quando o ônibus entrar na rua do supermercado, você vai descer dois pontos depois, onde tem uma vidraçaria, a vidraçaria do Alcides. Ela vai tá fechada porque é domingo, mas tem uma placa grande, não tem erro.
- Tá, tia, mas...
- Aí você entra na rua do lado, de paralelepípedo. Vai passar o depósito de gás, a padaria do seu Alberto e vai entrar na segunda rua à esquerda, onde tem um sacolão que vai tá aberto.
- Mas, tia, eu...
- Entra nessa rua, tem uma pracinha, no final dela...
- Não, tia, desculpe interromper, é só me dar o endereço que eu vejo no google maps.
- Ver aonde?
- No google. Na internet. É fácil.
- Ah, meu filho, olha, vai por mim, anota isso aí que eu te falei que é mais fácil. Tá anotando?
Carlinhos, resignado, diz que tá anotando tudo. Depois de mais algumas referências, que incluem a oficina do seu Germano e o brechó da Solange, Marli conclui:
- Virou a esquina, é a terceira casa, do lado direito da calçada. Portão verde. Tá meio descascado, mas a gente vai pintar, não repara não.
- Que isso, tia, claro que não. Tá tudo anotado, me dá só o nome da rua, tia, vai que eu me perca, eu sou meio atolado, eu sempre gosto de saber o nome da rua. (Carlinhos faz mais uma tentativa)
- Rua? Ah, tá. É a rua B.
- Rua B? Mas não tem nome não, tia?
- Ih, meu filho, peraí, a gente tá morando há pouco tempo e só chamam de rua B. Peraí.
Passam-se alguns segundos...
- Pronto, meu filho, anota aí: é Carlos Delgado de Carvalho. Nome bonito, não?
- Sim, tia, muito bonito.
Eles se despedem e Carlinhos já joga o nome no google maps, usa street view e já planeja todo o caminho que vai fazer. No domingo, ao chegar, sem problemas, à casa dos amigos, Marli pergunta:
- Não foi fácil, meu filho?
- Muito fácil, tia, muito fácil, com a explicação da senhora, foi bem tranquilo.
E Marli dá um sorriso de satisfação. Carlinhos,instintivamente, passa a mão no bolso, onde está o celular.
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Bem, não sei se acontece assim com todo mundo, mas posso garantir: em qualquer explicação de localização de rua no subúrbio carioca, sempre vai ter um depósito de gás como referência, é de lei!
3 comentários:
Maneiro
Enredo e prosa.
Obrigado, Marcio! Abraços!
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