O BALÉ QUEBRA-NÓS (R$ 10)
Carlos Eduardo Novaes (ilustrações de Vilmar)
Trecho da crônica "O fanático":
"Os astrólogos diziam que 78 seria um ano regido por Saturno. Pode ser nos outros países, porque no Brasil, antes de Saturno, quem pegou a batuta e o regeu foi a Copa. A Copa, aqui entre nós, conseguiu até dividir o ano em dois, fazendo do mês de junho um marco semelhantes ao nascimento de Cristo na Antiguidade. Todos os compromissos da vida nacional, desde janeiro, giraram em torno da Copa. Eu mesmo, em fevereiro, recusei uma viagem de uma semana à Califórnia, ao verificar que o embarque estava marcado para o dia 3 a.C. (antes da Copa). O editor ainda tentou me convencer, afirmando que haveria transmissão direta da TV para os Estados Unidos:
- Não basta, Jaime. E depois do jogo? Com quem eu vou discutir? Discutir futebol com americano? Pelo amor de Deus...
E não era só isso. Havia todo um clima do país transformado numa imensa arquibancada: os morteiros, as bandeiras nas janelas e, mais importante, o grito uníssono na hora do gol, o único grito realmente democrático deste país, desembainhado da garganta de 115 milhões de torcedores".
DOSSIÊ BRASIL - As histórias por trás da História recente do país (R$ 15)
Geneton Moraes Neto
Trecho do livro:
"A crise institucional aberta pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, terminou frustrando um plano que, se executado, ganharia, com certeza, um lugar de destaque numa antologia mundial dos desvarios políticos: o presidente queria anexar a Guiana Francesa ao território brasileiro, numa operação militar de surpresa - uma investida no estilo da frustrada anexação das ilhas Malvinas pela Argentina, em 1982. A invasão das Malvinas deflagrou uma guerra entre Inglaterra e Argentina. Qual teria sido a reação internacional a uma aventura expansionista brasileira na Guiana Francesa?"
MAURO MENDONÇA - Em busca da perfeição (R$ 15)
Depoimento a Renato Sérgio - Coleção Aplauso - Perfil
Trecho do livro:
"Era um elitismo deslavado, um preconceito explícito do pessoal de teatro contra a televisão e, principalmente, contra a novela. Contudo, eu, apesar de ser ator de teatro, tinha um motivo mais do que suficiente para não pensar assim: meu padrão de vida, nosso - da Rosamaria junto - tinha mudado. Inclusive o nosso endereço também era outro, de um pequeno apartamento na sobreloja de um estofador na Rua João Passalacqua, no Bexiga, fomos para uma casa com quintal na Rua Nhambiquaras, em Indianópolis. E foi isso que, pouco a pouco, amenizou a fúria antieletrônica daquela gente. Porque, automaticamente, os que ainda não estavam fazendo novela, foram sendo chamados também. E, docemente, constrangidos, mas regiamente recompensandos, mudavam de opinião".
MARIA ADELAIDE AMARAL - A emoção libertária (R$ 15)
Depoimento a Tina Dwek
"Mas os puristas não foram o único problema de Os Maias. Logo no primeiro capítulo ficou claro que o grande público não fora seduzido pela história. A audiência despencou e acabou se fixando em 14 pontos, e essa foi a massa de telespectadores que nos acompanhou até o final, independentemente da hora em que a minissérie fosse ao ar. E em alguns dias, sobretudo na quarta-feira, ela ia ao ar muito tarde.
Independente da audiência, Os Maias foi um marco de qualidade na televisão brasileira. O rigor artístico, as imagens belíssimas, a fotografia, o guarda-roupa, a cenografia, a música, a direção de arte primorosa de Yurika Yamasaki, e a história, tudo se combinou para que o resultado fosse uma obra superlativa".
TATIANA BERLINKY - ...E quem quiser que conte outra (R$ 15)
Depoimento a Sérgio Roveri
Trecho do livro:
"Eu tenho certeza de que esta atitude de mulher durona eu herdei da minha mãe. Muitas vezes eu me lembro de minhas histórias e acho que elas poderiam muito bem ter ocorrido com ela, pois ela teria tomado as mesmas decisões que tomei. Minha mãe me dizia que eu era ruim, você é uma cobra. Porque eu não chorava e não mentia.
Esta pose, de certo modo, sempre transpareceu na minha escrita também. Eu escrevi sempre o que eu quis escrever. Meu público-alvo era eu mesma, criança. Tive filhos pequenos, irmãos pequenos. Eu sempre soube como criança reage a algumas coisas."
UM LUGAR NO MUNDO - A Argentina e a busca de identidade internacional (R$ 15)
José Paradiso
"A intenção original deste estudo, nascido sob o calor das controvérsias sobre as orientações diplomáticas do ciclo de transição democrática aberto em 1983, não era fazer uma história da política exterior da Argentina (...), mas encontrar um fio interpretativo para os dilemas que sua inserção internacional apresentou historicamente à Argentina, dando atenção especial aos momentos em que diferentes opiniões e propostas foram confrontadas (...).
Trecho do livro:
"Entre meados dos anos 1950 e meados da década de 1960, discutiu-se muito a respeito das opções diante do país, propostas por sucessivas equipes econômicas. Por outro lado, houve também controvérsias vigorosas em torno da sequência de políticas exteriores executadas pelos governos civis e militares. Essas divergências continuaram durante a segunda metade da década, embora a partir de então fosse possível identificá-la mais nitidamente como expressões na busca de um novo de relacionamento da Argentina com o mundo. Como ocorrera na década de 1940, o debate sobre as estratégias de desenvolvimento e as orientações diplomáticas teve como referência contextual um cenário internacional que passava por importantes transformações (...)".
ARY BARROSO... UM TURBILHÃO (R$ 20)
Dalila Luciana
Biografia de um dos grandes nomes da música brasileira
Trecho do livro:
"Ary, flamenguista doente, toda vez que seu clube perdia, declarava que não iria mais assistir a uma disputa do mais querido e, mal o Flamengo volta às jornadas gloriosas, esquecia as juras e tornava ao campo de futebol e, assim, aproximando-se a disputa do terrível Fla-Flu de 11 de setembro de 1955, declarou que aquela polêmica entre os dois times iria ter fim, pois o Flamengo iria derrubar o Fluminense num gol espetacular.
Haroldo Barbosa, famoso produtor e seu colega de televisão, fez a proposta para Ary:
- Vamos apostar os bigodes. Quem perder tira o seu.
Mas o Flamengo não ajudou Ary Barroso: perdeu o jogo e o pobre bigode de 25 anos de existência teria de ser raspado".
OS MEUS ROMANOS - Alegrias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil (R$ 15)
Ina von Bizer - (com prefácio de Antônio Callado)
"Este é um dos mais curiosos livros de brasiliana publicados no século passado. Trata-se de uma publicação alemã, de mil oitocentos e oitenta e tantos, na qual é narrada a vida de uma professora alemã que viveu na fazenda de uma das velhas fazendas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O livro jamais havia sido traduzido e traz um curioso depoimento da vida patriarcal no século passado escrito por uma mulher sensível e culta." (Trecho da apresentação de Paulo Duarte)
Trecho do livro:
"Os brasileiros dão ótimos advogados, podendo dessa forma aproveitar seu talento declamatório. Dão a vida por falar, mesmo quando não é para dizer nada. Com a eloquência que esbanjam num último discurso, poderiam compor facilmente dez em nossa terra, embora não possuam verdadeira eloquência nem marcada personalidade, falando todos com a mesma cadência tradicional usada em toda e qualquer circunstância. Tudo é exterior, tudo é gesticulação e meia cultura. O fraseado pomposo, a eloquência enfática já são por si próprios falsos e teatrais, mas se você tirar a prova real, se indagar sobre qualquer assunto, não se revelam capazes de fornecer a informação desejada".
JONAS BLOCH - O ofício de uma paixão (R$ 15)
Depoimento a Nilu Lebert (da Coleção Aplauso - Perfil)
Trecho do livro:
"Minha mãe teve um salão de beleza perto do Cassino da Urca e as vedetes do show do Cassino eram suas clientes. Ainda menino, eu assistia (levado pela minha mãe e escondido) aos espetáculos do teatro de revista. Ela ganhava convites das vedetes e o teatro de revista era sensacional. Apresentava um show variado, com cenas cômicas, sátiras políticas, números musicais, muitas mulheres bonitas e uma produção caprichada. Me encantava ver os excelentes atores que faziam a revista, tão soltos e brincalhões que conseguiam estabelecer um canal de cumplicidade com a plateia. Recebi deles uma ótima influência e acho que isso me fez conseguir os bons resultados nas comédias em que atuei".
A CAMISA DO SENADOR (R$ 12)
Joel Silveira
Este livro reúne 446 textos do jornalista Joel Silveira, vencedor dos prêmios Esso, Jabuti, Golfinho de Ouro, Machado de Assis e Líbero Badaró. São histórias que registram épocas e definem pessoas, que denunciam políticas e enfocam a realidade do dia a dia do país.
Trecho do livro:
Quem melhor contou a história da Proclamação da nossa República foi Eça de Queiroz: "O Marechal Deodoro da Fonseca - escrevia ele - dá um sinal com uma espada e imediatamente, sem choque, sem ruído, como cenas pintadas que deslizam, a Monarquia, o monarca, o pessoal monárquico, as instituições monárquicas desaparecem. E ante a vista assombrada, surge uma República completa, apetrechada, já provida de bandeira, de hino, de selos do Correio e da bênção de Dom Lacerda (Dom Pedro Maria Lacerda, Arcebispo do Rio de Janeiro), sem atritos, sem confusão, essa República começa logo a funcionar. Nas repartições do Estado, os amanuenses que já tinham lançado no papel dos decretos a velha fórmula - Em nome de sua Majestade, o Imperador - riscam ao ouvir na rua aclamações alegres este dizer anacrônico e sem mesmo molhar novamente a pena, desenrolam no seu melhor cursivo a fórmula recente - Em nome do Presidente da República... E quem saíra tranquilamente, de casa, com o guarda-sol aberto para ir à secretaria entregar um memorial ao Sr. Albuquerque, ministro do Império, encontra o sr. Bocayuva, ministro da República, que sorri e recebe o memorial".
PAULO JOSÉ (R$ 15)
Depoimento a Tania Carvalho (da Coleção Aplauso - Perfil)
Trecho do livro:
"E o ator tem de ser modesto, não ceder ao exibicionismo. É preciso sempre dar visibilidade ao personagem e esconder o ator. Muito atores se julgam melhores e maiores do que os personagens que representam. Mas nós sabemos que qualquer personagem é maior do que um ator, e que este deve estar a serviço daquele. E o cinema tem um olho implacável que amplia a falsidade, agiganta a importura. A pequena importura torna-se enorme na tela grande.
Na época de O Padre e a Moça já estava morando no Rio, pois tinha vindo com O Arena para a montagem de A Mandrágora. Logo depois, dirigi Carnaval para Principiantes, do Domingos Oliveira Flávio Migliaccio e Eduardo Prado.
ILKA SOARES (R$ 15)
Depoimento a Wagner de Assis (Coleção Aplauso - Perfil)
"Meu primeiro interesse nem foi dramaturgia. Foi mesmo a música. Eu queria ser cantora. Soltava a voz, cantava por todos os lugares. E só cantava música americana. Nos anos 40, nós adorávamos as músicas americanas, tinha aquela aura dos anos dourados, do romantismo. Mais tarde cheguei a gravar algumas músicas, até para trilha de novela eu gravei - para Minha Doce Namorada, do Lírio Panicalli, cujo era Relax. E gravei uma outra para a novela O Homem Que Deve Morrer, com o Tarcísio Meira. Era o Nonato Buzar que coordenava as trilhas naquela época.
Meu gosto tinha influência dos musicais americanos, com Alice Faye, Judy Garland, ou dos programas de rádio que tanta força tinham por aqui.
IMPRESSÕES DO BRASIL - A IMPRENSA BRASILEIRA ATRAVÉS DOS TEMPOS - RÁDIO - JORNAL - TV (R$ 15)
Cláudio Mello e Souza
Trecho do livro:
"Há, na história de nossa imprensa, um personagem notável, que muito viveu e muito sofreu durante a ditadura Vargas. Foi Aparício Torelly, um gaúcho realmente destemido e um humorista refinado, o que jamais impediu que suas ironias e piadas fizessem a alegria do povo. Em 1933, Torelly dirigia o "Jornal do Povo" e anunciou, então, uma série de reportagens sobre a vida de João Cândido, o líder da Revolta da Chibata. Depois de publicar duas das reportagens previstas, Torelly foi sequestrado por oficiais da Marinha, levado para a Barra daTijuca, surrado por eles e abandonado com a cabeça raspada e em trajes sumários. Convém lembrar que a Barra da Tijuca na época era deserta. Nem por isso Torelly, que depois adotaria o pseudônimo Barão de Itararé, perdeu o humor. Na porta do "Jornal do Povo", mandou fixar uma tabuleta com a seguinte informação: "Entre sem bater".
ERA UMA VEZ FH - O humor da História no Brasil de 1994 a 2002 (R$ 15)
Charges de Chico Caruso
Trecho do prefácio de Luis Fernando Verissimo:
"O Chico vive no futoro. Sabe aquele tempo que a gente imagina quando diz ´um dia ainda vamos rir de tudo isto?´ O Chico já está lá, rindo de tudo isto. Quando nos maravilhamos com uma das suas charges, dizemos ´mas está perfeito´ ou ´é isso mesmo´ ou ´como é que esse cara consegue?´ ou ´que sacada!´, é o mesmo deslumbramento que teríamos diante de qualqeur outro visitante do futuro. Cuja maior vantagem sobre nós, que vivemos neste presente irremediável, é que já teve tempo para pensar nos acontecimentos, descobrir o absurdo que nos escapou na hora, o significado que na época ninguém notou, o humor no que parecia triste e o trágico no que parecia apenas rotina. As sacadas do Chico se explicam porque a sua sacda, o seu ponto de observação, é aquele dia no futuro em que pela primeira vez veremos tudo isto com clareza".
LEONARDO VILLAR - GARRA E PAIXÃO (R$ 15)
Depoimento dado a Nydia Licia (Da Coleção Aplauso - Perfil)
Trecho do livro:
"Anselmo penou com a inveja geral que seus prêmios despertaram, mas ele não deixa por menos; em toda entrevista ele faz questão de mencionar: ´A única Palma de Ouro, o Pagador de Promessas´. E é verdade. Você vê o filme, é de uma direção simples, bem acadêmia, tem um ritmo, tem vida, não envelheceu. Você vê os filmes da Vera Cruz, a maioria já envelheceu. Tem uma técnica muito boa, mas a representação, a direção... Fica tudo um pouco teatral, não é?
Voltando ao TBC, ainda fiz a peça do Gianfrancesco Guarnieri, A Semente, dirigida por Flávio Rangel. Um texto extraordinário que a censura proibiu na véspera da estreia. Todos nós, atores e técnicos, acampados no teatro, recebíamos a solidariedade dos colegas de outras companhias".
SÉRGIO VIOTTI - O CAVALHEIRO DAS ARTES (R$ 15)
Depoimento dado a Nilu Lebert
Trecho do livro:
"Em 97 fiz uma participação em Xica da Silva, na Manchete, trabalho que não encheu minha alma de alegria e, além do mais, eu tenho horror a usar peruca de época. Invariavelmente fico com cara de imbecil. Contrariando os bons avisos de Dorival Carper, que me preveniu que eu não devia me lançar à aventura de encenar um espetáculo-solo (que eu imaginava ingenuamente ser humorístico), Humoresque, enfrentei o meu primeiro estrondoso fracasso. Não me arrependo. Não há nada como se fazer algo que resulte em aprendizado. Tudo que aprendi vai me valer pelo resto da vida que me sobra".
GONZAGUINHA E GONZAGÃO – Uma história brasileira (R$ 25)
Regina Echeverria
Ao relatar a trajetória dos dois artistas, a autora passeia por esse país de espantosa transformação em menos de um século, na música, na política, nos costumes, além de traçar os encontros e desencontros entre pai e filho, uma história legitimamente brasileira de dois representantes de nossa cultura, mas que também resgata nossas memórias pessoais, pois nos legaram imagens únicas e forma de música e atitude que são lembradas por tanta gente e com muita emoção.
Trecho do livro:
“Em 1953, Luiz Gonzaga achou o chapéu de couro insuficiente como traje típico de apresentação. Trocou o terno de casimira por um gibão de couro, a gravata por uma cartucheira, o sapato de verniz por sandálias. Mudou também o chapéu, escolhendo um maior e mais parecido com o de Lampião. Ao gibão, foi bem mais difícil de se adaptar. Além de incômodo para vestir, limitava seus movimentos. Mas Gonzaga assistiu a uma apresentação do cantor Luiz Vieira, que o usava sobre o ombro:
- Tive a mesma ideia. Fui ao espelho e coloquei aqui, coloquei do outro lado. Emendei as duas correias na frente do pescoço, mas aquilo me enforcava. Fui procurando um jeito até ele cair bem. Aí fiquei lorde”.