

Ele não tem bondinhos nem abriga princesinhas do mar, mas o vulcão que fica na Serra de Madureira, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, talvez seja o cartão-postal mais inusitado de todo o Rio de Janeiro. Pelo menos é o que atestam seus muitos visitantes desde que a descoberta do único vulcão de cratera do Brasil foi divulgada, em 1979, pelos geólogos André Calixto Vieira e Victor Klein.
Da descoberta em diante estudantes, pesquisadores ou curiosos não pensaram duas vezes antes de subir mais de 400 metros de serra, entre pedras escorregadias e mato cerrado em busca de aventura. Mas vale o esforço. A vista da borda do vulcão, que tem 30 milhões de anos, é exuberante. Digna de ser registrada. Apesar da vegetação e de alguns bois e cavalos pastando, o contorno mantém as rochas vulcânicas ainda com sua estrutura intacta, um precioso campo de observação para pesquisadores.
As erupções do vulcão, ocorridas há 30 milhões de anos, podem ser comparadas com as do vulcão Santa Helena, que em 1979 provocou destruição nos Estados Unidos. Os fragmentos vulcânicos se espalham num diâmetro de 1.500 metros, desde a cratera até a parte externa. Há fragmentos ainda da época dos dinossauros. O material, chamado ígneo intrusivo, não teve força suficiente para romper a crosta terrestre e ficou consolidado no solo. Seus vestígios são os que se encontram mais afastados da cratera e podem ser percebidos no início da caminhada.
Segundo André Calixto, a erosão fez com que a crosta terrestre fosse desaparecendo, o que permitiu a esse material já consolidado chegar à superfície. Quando veio a primeira erupção, todo ele foi para os ares e deu lugar a uma nova série de fragmentos. Há no local farta variedade de material vulcânico. Os mais curiosos são as bombas poligonais, que se encontram no aglomerado vulcânico, na parte mais próxima da cratera. Devido à forma peculiar, as bombas são a prova irrefutável de que houve no local duas erupções vulcânicas.
O vulcão da Serra de Madureira fica a menos de uma hora do centro do Rio e hoje ele faz parte do Parque Municipal de Nova Iguaçu, incluindo uma cachoeira ´véu de noiva´, pista de asa-delta, rapel na Pedra da Contenda (o ponto mais alto, com 443 metros) e o casarão-sede da antiga Fazenda Santa Eugênia, um prédio do século XVIII que hoje é o mais antigo de Nova Iguaçu. E, claro, a vista da Baía de Guanabara no topo, para quem tiver fôlego de chegar até lá.