7.21.2010

OS PESCADORES DA PIEDADE


A praia da Piedade, em Magé, cidade situada às margens da Baía de Guanabara, abrigou um dos portos mais movimentados do Brasil Colônia, por onde chegavam as riquezas das Minhas Gerais e por onde embarcavam passageiros que depois seguiriam para a região serrana do estado. Não à toa, foi nesta cidade que surgiu a primeira estrada de ferro do Brasil, obra do Barão de Mauá, inaugurada em 30 de abril de 1854.

Uma história muito conhecida na região é a do Poço Bento, que teria sido encontrado pelo famoso padre José de Anchieta. Reza a lenda que em 1556 o missionário encontrou o poço, na praia da Piedade, e viu que a água era imprópria, muito salobra, e que com um pequeno toque do seu cajado ela teria se tornado potável. Outra versão é que o padre teria perfurado a terra, muito árida e seca, com o seu cajado e a partir daí teria surgido uma água cristalina. Com a divulgação do suposto milagre, o poço bento, como passou a ser chamado, virou uma atração turística na praia e é muito visitado até hoje, quando romeiros o procuram em busca de curas para as suas doenças. Os padres jesuítas construíram uma ermida no morro da Piedade, ali pertinho, e que deu origem ao santuário de Nossa Senhora da Piedade.

A praia da Piedade foi muito importante para a cidade de Teresópolis, pois para se chegar à cidade serrana era preciso passar pelo cais que existe até hoje na praia. Infelizmente, como em todas as praias da Baía de Guanabara, a da Piedade é imprópria para banhos. Pior do que isso é a situação dos pescadores, que precisam tirar o seu sustento das águas imundas da Baía de Guanabara.

Um projeto muito interessante, do qual tomei conhecimento há pouco tempo, foi desenvolvido no Colégio Estadual de Magé. Intitulado “Os pescadores da Praia da Piedade ensinando a pescar”, além de demonstrar os reflexos da poluição na Baía de Guanabara na atividade dos pescadores, alunos e professores do colégio fizeram entrevistas, organizaram maquetes e participaram de aulas sobre a degradação do meio ambiente na região.

Os alunos fizeram quatro visitas à região, orientados pelos professores, nas quais tiveram contato direito com a realidade dos pescadores, como a sujeira na praia e no manguezal e aprenderam um pouco sobre a rica História da região, para a contextualizar tudo o que aprenderam. Seria muito bom se mais trabalhos deste tipo fossem feitos com nossos alunos. Espaço físico é que não falta e um bom exemplo é o que acontece no outro lado da cidade, onde a Baía de Sepetiba sofre os mesmos problemas que sua ´prima´ mais famosa, e que torna tão difícil quanto a vida dos pescadores das praias da Pedra de Guaratiba e de Sepetiba.


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