2.21.2011

ENTREVISTA

Entrevista dada a Rafael Cruz, do site http://tecnologia-e-cinema.com

Prezados leitores. É com muita honra que eu publico uma entrevista muito especial. Ela já estava prometida há meses e só agora conseguiu ser finalizada. Hoje entrevistaremos o amigo e escritor André Luis Mansur, direto de Campo Grande, esse delicioso bairro do Rio de Janeiro. Aproveitem o que ele tem a dizer.

Tecnologia e Cinema (TC) – André, você é jornalista e crítico literário. Quando você teve a ideia de escrever suas próprias estórias? Como foi isso?

André Luis Mansur (ALM) – Foi nos anos 90. Já na faculdade (UFRJ) fiz alguns textos de humor que o pessoal gostou muito. Ao longo dos anos, fui procurando ler os mestres e ir escrevendo bastante, até encontrar um estilo. Os contos da ´Rebelião dos Sinais´ foram todos escritos entre 1993 e 1999.

TC – Seu primeiro livro, o Manual do Serrote (que é o meu favorito), é uma ode ao bom humor e ao sarcasmo. Você teve problemas com amigos ou conhecidos por acharem que você estava escrevendo sobre eles? E qual foi a reação do público a este seu primeiro livro?

ALM - Pelo contrário, quando as pessoas se identificam com o serrote é que fica engraçado. A reação é sempre muito boa, não há quem não dê umas boas risadas e o melhor, sempre indicam mais um tipo de serrote, que eu vou anotando. O livro infelizmente está esgotado* e a editora que o produziu (Bruxedo) já fechou as portas, mas tenho planos de fazer uma edição revista e ampliada, tal a quantidade de novos serrotes que já surgiram.

TC – Como ocorre a criação de um conto?

ALM - Eu não costumo seguir um método, mas sempre que eu acho que surge uma boa ideia, um bom argumento, eu anoto e deixo para mais tarde desenvolver. Às vezes vem o conto quase todo e eu o escrevo. As ideias podem surgir em qualquer lugar, por isso procuro sempre anotar, pois se deixar pra depois posso esquecer e aí não dá pra recuperar mais, ela vai em busca de um novo escritor.

TC – Em 2008 você lançou o livro “O Velho Oeste Carioca” **, que é um magnífico acervo de fatos e curiosidades históricas sobre a zona oeste do Rio de Janeiro. Como foi o trabalho de pesquisa para esta obra tão singular?

ALM - Foram cinco anos de pesquisa, feita em bibliotecas, arquivos, jornais, revistas e até um pouco pela internet. O mais difícil é que não existem muitas publicações sobre a região, espero que a situação melhore um pouco. Pelo menos tenho visto muitos estudantes de História e professores interessados na região.

TC – Em 2010 você lançou o seu novo livro “A Rebelião dos Sinais”, que é uma coletânea de 13 excelentes contos. No entanto, boa parte desses contos você escreveu nos anos 90. Por que esperou tanto para publicá-los?


ALM - Na verdade, eu não esperei, eu o mandei para vários lugares, mas as editoras nunca me deram chance. Fiz até um artigo sobre isso para o meu blog ( www.emendasesonetos.blogspot.com ) chamado “O primeiro ´não´ a gente nunca esquece". Se tivesse conseguido publicar os contos no ano 2000, por exemplo, e conseguido uma boa receptividade, é bem provável que hoje eu já tivesse um bom número de livros de ficção.

TC – Além de escritor, sei que você também é cinéfilo. Eu, que já li todos os seus livros, posso perfeitamente imaginar cada conto no formato de um curta-metragem. Já pensou em transformar alguns dos seus contos em roteiros e oferecer a um diretor para que os transformem em filmes?


ALM – Já me fizeram a proposta de transformar "O Velho Oeste Carioca" em documentário, estou aguardando novos contatos. Sobre "A Rebelião dos Sinais", a peça que dá nome ao livro pode muito bem virar um roteiro. E o Manual do Serrote, talvez surjam novidades audiovisuais em breve, mas por enquanto ainda não posso revelar.

TC – Falando em cinema, você administra um cineclube*** no Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos, em Campo Grande-RJ. Como você vê a relação entre o cinema e a literatura?

ALM – São duas linguagem diferentes, que se complementam. Muitas vezes um filme adaptado de uma obra literária acaba se tornando mais interessante do que a própria obra. Posso dizer que, junto com a música, são as formas de arte que mais me emocionam.

TC – Quais são seus projetos futuros? Pode nos revelar?

ALM - O mais próximo é o lançamento de “O Velho Oeste Carioca – vol. II”, com mais histórias sobre a região. Já está sendo revisado pela mesma editora do primeiro, a Ibis Libris, e acredito que até maio possamos lançá-lo. No mais, tenho esboçado algumas coisas, inclusive na área de ficção, mas por enquanto não há nada certo ainda.

* O Manual do Serrote está esgotado, mas o autor publicou alguns trechos do livro no site www.manualdoserrote.blogspot.com

** O Velho Oeste Carioca pode ser encontrado nas principais livrarias, como a Travessa, Saraiva, Arlequim, Folha Seca, Leonardo da Vinci, Bangu Shopping, West Shopping, livrarias da Universidade Castelo Branco, UniMSB e, em Campo Grande, no bar Chopp da Villa, banca de jornais do Prezunic, Livraria Edital, Sebo de Campo Grande e bar da Dona Lourdes, no Rio da Prata. Também no Fernando´s Bar, na Pedra de Guaratiba, pertinho do Píer.

*** A Rebelião dos Sinais é vendido apenas em Campo Grande, na livraria Edital, no Chopp da Villa e no bar da Dona Lourdes. Ou pelo site da editora (www.editoramultifoco.com.br)

*** O Cineclube Moacyr Bastos fica na rua Engenheiro Trindade, 229, no UniMSB, e funciona sempre às sextas-feiras, às 19h, com entrada franca.