2.19.2010

ENFIM, O RÉVEILLON


Já está mais do que na hora de transferirem a queima de fogos do réveillon para a quarta-feira de cinzas.

Não sei se isso acontece em outros lugares, mas o Brasil deve ser o único país do mundo que tem dois inícios de ano, o oficial, no dia 1º de janeiro, com a mundialmente famosa queima de fogos na praia de Copacabana, e o que realmente funciona na prática, ou seja, depois do Carnaval.

Por mais que você não goste da festa momesca, não adianta. Do "início de ano" até a quarta-feira de cinzas, nem tente desenvolver qualquer projeto profissional, não adianta querer reformar a casa, comprar carro ou bicicleta, publicar livro, lançar disco e, acredito, não adianta nem tentar iniciar um namoro. Casar então, de jeito nenhum. A frase que mais se ouve neste período de pré-tudo é a acomodada e preguiçosa “ah, deixa isso pra depois do Carnaval...” Ou então: “Pô, cara, não esquenta a cabeça com isso agora não, depois do Carnaval tu vai ver, tudo vai se resolver”. Ou, mais ainda. “Meu irmão, faz o seguinte (com a mão no ombro): me procura depois do Carnaval. Até lá, não quero pensar em nada”.

Se isso é bom ou ruim, é difícil responder. Só sei que no Brasil o ano de fato só tem dez meses e é desta forma que devemos nos programar para não pintar a frustração. Até o final de fevereiro, devemos apenas embalar as rotinas de forma cômoda e despreocupante para só após o Rei Momo devolver a chave ao que sobrou da cidade fazermos um planejamento do ano que realmente começa.

Por isso, sugiro aqui a transferência, válida em todo o território nacional, da tradicional queima de fogos do réveillon para a quarta-feira de cinzas, até porque após os fogos só sobram cinzas mesmo e aí teríamos um simbolismo muito mais forte. Dezembro, janeiro e fevereiro são meses em que já estamos mesmo à meia-bomba, quase sempre com a bateria descarregada após um ano inteiro de atividades, e nada se aproxima mais de uma catarse, de uma "Fênix ressurgindo das cinzas" (olhas elas aí de novo), do que o Carnaval, quando mesmo quem não curte a festa tem a nítida impressão de que algo se foi e que agora é a hora - seja lá do que for.

Está dada a sugestão. E depois pensamos na Copa do Mundo e nas eleições, que aí já é outro papo.

* Quem puder, dê uma olhada nos meus outros blogs:
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