3.30.2007

SERROTE DE LEITURA


Três coisas o serrote não compra: relógio, isqueiro (no caso dos fumantes) e jornal. Os dois primeiros itens são indispensáveis para puxar assunto com a vítima e o último é para se manter bem informado, condição importante para a prática da serrotagem.

Sentado ao lado da vítima num meio de transporte, ou em qualquer outro recinto, o serrote aguarda a abertura do jornal ou revista. É preciso estar com o exame de vista em dia, pois muitas vezes as condições de observação não são ideais (luz fraca, vento, jornal ou revista num ângulo desfavorável para a leitura).

Aberto o objeto de interesse, que também pode ser um livro, folheto, ou qualquer coisa que valha a pena ser serrotada, o serrote, discretamente e com o canto dos olhos, observa se a vítima está atenta à leitura. Se estiver, o serrote pode começar imediatamente sua atividade, mas sempre mantendo o corpo num nível alguns centímetros para trás em relação ao corpo da vítima, para que ela não perceba estar sendo serrotada.


Por algum motivo ainda não identificado, vítimas do serrotismo por leitura costumam se tornar bastante agressivas quando percebem o que está acontecendo. Houve inclusive o caso, famoso nos compêndios de serrotagem, de uma vítima que percebeu estar sendo serrotada num ônibus e escreveu em letras bem grandes numa folha colocada entre duas páginas de um jornal que estava lendo:
“VAI LER O C...”

Situações como esta devem sempre ser evitadas, daí o cuidado que o serrote deve ter em sempre seguir os procedimentos recomendados. Nas viagens longas durante a manhã, de trem ou de ônibus, o serrote não precisa se preocupar, pois é quase certo que ele vai encontrar um exemplar inteiro de um jornal no canto de um banco.

3.29.2007

CÚMPLICE

Cúmplice silenciosa
De palavras ditas apenas pelo olhar
Cúmplice que lê
onde não há letras escritas

Que enxerga na folha em branco
Versos de toda uma vida
De uma história corrida
De um querer inventado

Cúmplice que observa
E de tanto ver
E de tanto calar
É eterna cúmplice
De um viver de sonhar

Marina Gonçalves (no bar Canoa Quebrada, maio de 2005)

3.20.2007

LAMENTAMOS O INCIDENTE...


Caso você se depare com algumas destas frases a seguir, saiba que todas são inúteis e não têm nenhuma conseqüência prática. Para uma melhor visualização, resolvi dividi-las em grupos, cada um com uma pequena nomenclatura para fins didáticos.


GRUPO 1 – Era melhor ter ficado calado


- Lamentamos o incidente
- Condenamos o ataque

GRUPO 2 – Até nunca mais.

- Vamos marcar
- Eu te ligo.

GRUPO 3 – Nada será feito.

- Estamos avaliando todas as possibilidades.
- Temos um leque de opções.
- Estamos tratando a questão com muito carinho

GRUPO 4 – Frases políticas de início de ano.
- As perspectivas são as melhores possíveis.
- Temos um cenário otimista pela frente.

GRUPO 5 – O óbvio.

- Ao ser preso, ele declarou inocência.
- Houve consenso entre a maioria.

GRUPO 6 – A constatação de que nada será feito.

- Isto é um absurdo.

GRUPO 7 – Saindo pela tangente.

- Nada a declarar.

Aos colaboradores que quiserem contribuir com novas frases, por favor, ´cartas para a redação´: andreluismansur@yahoo.com.br

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3.01.2007


no centro da cidade tem malandro

pensando que é malandro do centro

da cidade tem malandro pensando

do centro da cidade-malandro

no centro malandro da cidade

tem cidade pensando que é malandro

pensando que é do centro da cidade

do centro da cidade do malandro

pensando no malandro da cidade

que é cidade do malandro do centro

da cidade malandro do centro da cidade.


Carlos Alexandre.

30/01/07, às 13:47

Longe do centro da cidade do malandro.