Vencedor de dois prêmios do Oscar (roteiro original e ator coadjuvante, para Alan Arkin), “Pequena Miss Sunshine” consegue uma das mais difíceis tarefas no cinema: misturar drama e comédia de forma equilibrada e envolvente. Não é à toa que esta produção independente, orçada em US$ 8 milhões (uma bagatela diante das superproduções de Hollywood), vem conquistando platéias no mundo inteiro. Por trás do riso solto que rola durante a maior parte do filme, há a consciência de que um poderoso drama está sendo contado ali.
Todos os atores estão ótimos, mas Alan Arkin, que fez o embaixador americano no filme “O que é isso, companheiro?”, está acima da média. Fazendo o papel do avô da pequena Olive, ele desenvolve com muita segurança seu personagem, um homem desiludido da vida, viciado em heroína, mas que vê na pequena neta um alento para continuar lúcido. Aliás, Olive é o lastro que segura uma família que tem tudo para desmoronar.
O chefe, Greg, dá palestras sobre auto-ajuda, mas não consegue ajudar a si mesmo; o filho Dwayne decidiu que só vai falar quando passar na prova para a escola de pilotos; o cunhado gay, Frank, acabou de tentar o suicídio; e a esposa, Sheryl, tenta de todas as formas manter a ilusão de uma família feliz. Quando a pequena Olive ganha a chance de disputar o concurso infantil “Pequena Miss Sunshine”, a família, apesar da resistência inicial, se concentra em torno deste objetivo, que na verdade é muito mais do que ganhar um concurso. É, exatamente, o de salvar a própria família.
Na viagem, feita numa Kombi para lá de problemática, entre momentos engraçadíssimos, dá para perceber que a família vai se unindo (mesmo que a contragosto no princípio) diante dos fracassos iminentes e imediatos. O excelente roteiro de Michael Arndt garante a mesclagem de diálogos hilários e profundos, com a referência mais do que apropriada a Proust, autor estudado por Frank. Pois o filme, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, faz uma profunda crítica ao estilo de vida competitivo americano, mostrando que para a família Hoover muito mais do que vencer um concurso é partir em busca do tempo perdido e refazer suas vidas em comum.
Todos os atores estão ótimos, mas Alan Arkin, que fez o embaixador americano no filme “O que é isso, companheiro?”, está acima da média. Fazendo o papel do avô da pequena Olive, ele desenvolve com muita segurança seu personagem, um homem desiludido da vida, viciado em heroína, mas que vê na pequena neta um alento para continuar lúcido. Aliás, Olive é o lastro que segura uma família que tem tudo para desmoronar.
O chefe, Greg, dá palestras sobre auto-ajuda, mas não consegue ajudar a si mesmo; o filho Dwayne decidiu que só vai falar quando passar na prova para a escola de pilotos; o cunhado gay, Frank, acabou de tentar o suicídio; e a esposa, Sheryl, tenta de todas as formas manter a ilusão de uma família feliz. Quando a pequena Olive ganha a chance de disputar o concurso infantil “Pequena Miss Sunshine”, a família, apesar da resistência inicial, se concentra em torno deste objetivo, que na verdade é muito mais do que ganhar um concurso. É, exatamente, o de salvar a própria família.
Na viagem, feita numa Kombi para lá de problemática, entre momentos engraçadíssimos, dá para perceber que a família vai se unindo (mesmo que a contragosto no princípio) diante dos fracassos iminentes e imediatos. O excelente roteiro de Michael Arndt garante a mesclagem de diálogos hilários e profundos, com a referência mais do que apropriada a Proust, autor estudado por Frank. Pois o filme, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, faz uma profunda crítica ao estilo de vida competitivo americano, mostrando que para a família Hoover muito mais do que vencer um concurso é partir em busca do tempo perdido e refazer suas vidas em comum.
LEIA TAMBÉM:
romanceveralucia.blogspot.com
superavitoheroibrasileiro.blogspot.com
8 comentários:
Mansurca,
já lhe conhecia como cri-crítico de livros...
mas não conhecia essa sua nova faceta, de crítico de cinema...
se fizer teatro tb, te coloco no lugar da Bárbara Heliodora ! rs
Fala aí! Eu sempre gostei muito de cinema e sempre quis escrever sobre filmes. Vou aproveitar o blog para ir treinando.
Bem, sobre a Bárbara Heliodora, o problema é que eu passaria a ter muitos inimigos.
Abração.
Eu vi esse filme sábado, é muito bom mesmo.
O filme é bom, mas vi críticas (não essa) que o supervalorizaram. Mesmo caso de "Borat". Algo entre bom e muito bom, mas nada de mega-maravilhoso. Abraços
Eu gostei muito, mas Borat não sei se gostaria não. Deve ter muita bobeira, coisa que só americano vai rir.
Sinceramente, aproveitando o comentário do meu excelentíssimo Marcello sobre de "Borat", este é mais um caso de desespero dos jornalistas do Segundo Caderno(ou coisa que o valha). Na falta de algo melhor, qualquer comédia um pouco acima da média merece bonequinho ovacionando o filme(a propósito, eu disse ovacionando, não jogando ovos!rsrs). É claro que há boas passagens na película, principalmente as de críticas ferrenhas quanto ao caráter conservador-extremista do americano, revelado em um rodeio. Sem falar da criativa(para não dizer risível) roupa de banho do intrépido repórter cazaque. Mas, no geral, não grandes novidades assim. Ok - o humor não é politicamente correto. No entanto, piadas sobre judeus, masturbação, mulheres enormes de gordas e afins já estão um pouco gastas, não? Para isso, já temos "A Praça É Nossa" e o "Zorra Total"...
E pensar que o Sacha Cohen, o ator que interpreta o personagem, é inglês...
Aline, é exatamente isso que me faz pensar em não ver Borat. Não tenho mais saco para esses filmes politicamente incorretos que ´atacam´ o american way of life´. Para eles, que são moralistas em excesso, pode ser chocante, mas para nós, acostumados a tanta porcaria na televisão, por exemplo, não é nada demais. Enfim, é humor para americano rir, embora muitos coleguinhas achem esse tipo de filme algo original, constestador e sei lá mais o quê.
Beijinhos.
Rio, 21 de maio 2007
Caro Mansur,
Confesso que ainda não assisti “Pequena Miss Sunshine”, mas vi o trailer. Na verdade, também sou um cinéfilo de carteirinha, e é uma de minhas diversões prediletas. Pena que ultimamente os cinemas de bairro estão acabando, e as grandes redes acabam concentrando as salas em shoppings, com seus Cinemark, Kinoplex, Arteplex, UCI, Cinesystem, e por ai vai...com ingressos nem sempre populares.
Mas, apesar disso, não deixo de ir ao cinema. Tenho me concentrado nos filmes nacionais, e cá pra nós, como o cinema nacional evolui. Vi esses dias "Baixo das Bestas" e "Odiquê?". O primeiro é denso, e mostra a falência de tudo, no sentimento, respeito, amor, sentido da vida. O Segundo, a corrida para curtir a vida, sem fazer muito esforço, sempre usando o "jeitinho brasileiro", e passando a idéia de que o certo é ser esperto, e passar a perna em todos, sempre que puder.
Estou me programando para uma verdadeira maratona para ver "Batismo de Sangue", "Proibido Proibir", "Os 12 trabalhos", e "Amarelo Mangua", todos nacionais, de ótima qualidade e boa crítica. Ainda tem "O cheiro do ralo", "Ó pai ó", "Cafundó", "Caixa dois" e "Pro dia nascer feliz", todos brasileiros.
Pela quantidade de filmes, André, dá pra ver que a indústria nacional parece, enfim, que descobriu a pólvora, e concluiu que o Brasil não é só tiroteios e sexo, há assuntos variados nesses filmes, que contam a nossa realidade.
Fico feliz por ter tantas opções para ver, como sugestão estrangeira, assistam o filme "Ventos da Liberdade", sobre a luta de dois irmãos pela indepência da Irlanda, nos anos 20.
Um abraço André, e parabéns pelas abordagens sempre inteligentes.
Hildeliano Alves/RJ
Postar um comentário