Três coisas o serrote não compra: relógio, isqueiro (no caso dos fumantes) e jornal. Os dois primeiros itens são indispensáveis para puxar assunto com a vítima e o último é para se manter bem informado, condição importante para a prática da serrotagem.
Sentado ao lado da vítima num meio de transporte, ou em qualquer outro recinto, o serrote aguarda a abertura do jornal ou revista. É preciso estar com o exame de vista em dia, pois muitas vezes as condições de observação não são ideais (luz fraca, vento, jornal ou revista num ângulo desfavorável para a leitura).
Aberto o objeto de interesse, que também pode ser um livro, folheto, ou qualquer coisa que valha a pena ser serrotada, o serrote, discretamente e com o canto dos olhos, observa se a vítima está atenta à leitura. Se estiver, o serrote pode começar imediatamente sua atividade, mas sempre mantendo o corpo num nível alguns centímetros para trás em relação ao corpo da vítima, para que ela não perceba estar sendo serrotada.
Por algum motivo ainda não identificado, vítimas do serrotismo por leitura costumam se tornar bastante agressivas quando percebem o que está acontecendo. Houve inclusive o caso, famoso nos compêndios de serrotagem, de uma vítima que percebeu estar sendo serrotada num ônibus e escreveu em letras bem grandes numa folha colocada entre duas páginas de um jornal que estava lendo:
“VAI LER O C...”
“VAI LER O C...”
Situações como esta devem sempre ser evitadas, daí o cuidado que o serrote deve ter em sempre seguir os procedimentos recomendados. Nas viagens longas durante a manhã, de trem ou de ônibus, o serrote não precisa se preocupar, pois é quase certo que ele vai encontrar um exemplar inteiro de um jornal no canto de um banco.
17 comentários:
Encontrar o jornal do dia, dobradinho ao lado do banco, é um clássico. Já li muita coisa nessas condições.
Minha melhor serrotagem foi ainda no tempo da faculdade. O Flamengo tinha vencido o Vasco por 3 a 0 (e não era final...) e eu estava com uma camisa do Flamengo. Ao meu lado, o cara lendo a página central de esportes, com tudo sobre o jogo. Eu praticamente debruçado sobre o cara. No fim, ele perguntou: "Quer ler?"
Ih, rapá, essa foi uma serrotagem clássica. Mas entre torcedores ainda rola uma cumplicidade, claro, se forem do mesmo time.
Abraços.
Ah, André! Eu sou pródiga em fazer isso em metrô. Eu não compro revista de fofoca, Meia Hora e afins porque eu sempre serroto de alguém antes!rsrsrs
Mas eu também sou partidária do slogan "Tudo pelo social". Daí, quando acabo de ler no metrô os jornais que eu compro, deixo no banco, para outros lerem.
Eu também faço isso. De Campo Grande ao centro, dá para ler O Globo inteiro no trem (de preferência no coreano, com ar-condicionado). Antes de descer, deixo o jornal dobradinho no banco para o próximo leitor.
Beijos.
Já fui vítima, várias vezes, na época da faculdade quando utilizava o metrô, entendo que alguém queira dar uma "olhadinha" na notícia do jornal ou até mesmo em uma revista de fofocas, agora quando você está lendo um livro a coisa fica hilária. Uma vez um rapaz, literalmente, quase caiu em cima de mim enquanto lia Germinal de Émile Zola, imagina a cena... estava fazendo uma força sobrenatural pra ler o livro e ainda acontece isso, deu vontade de pedir pra ele ler e fazer um resumo pra mim..rsrs Olhei pra ele com cara de poucos amigos, ele se ajeitou e parou de olhar, ou melhor de tentar ler...rs
Esse serrote...Gosto muito dessa figurinha..rs
Beijão
Poxa, mas pelo menos era um serrote culto, né? Ler Zola...
Pra você ver...O que a faculdade não faz com o ser humano...rs
Eu me lembrei de uma exposição que teve no Paço Imperial, no ano passado. Era um vídeo em que uma artista plástica analisa a reação das pessoas a uma passageira(tudo armado, é claro) lendo um livro de arte no metrô de São Paulo. Os resultados são bem interessantes. Tem gente que nem tá nem aí. Outros ficam tão curiosos que quase caem em cima da tal passageira. Outros ficam curiosos, mas querem disfarçar...
Imagine folhear uma playboy então.
Ou Marquês de Sade...
Ou Bruna Surfistinha...
No avião é um must serrotar. A prática está tão difundida que não há quem não compartilhe os cadernos. Agora, serrotagem boa também é a de cigarros, principalmente na madruga.
cada dia melhor isto aqui, heim? parabéns, mansur! abração!
Fala, Jorge. Valeu pela dica do serrote no avião. Eu jamais saberia, pois não gosto de viajar. E o serrote de cigarros é um dos mais antigos. É aquele que pedia, antigamente, ´me dá uma vinte aí´.
Obrigado pelo elogio. Seu blog também é muito legal. Sempre o acompanho, embora não tenha deixado comentários. Gostei muito do texto da cerveja x etanol.
Abraços.
Acabei de chegar de Brasília e dei uma serrotada boa na revista do companheiro ao lado no avião. Tanto que ele, quando acabou, me ofereceu e eu recusei. Afinal de contas, já tinha lido quase tudo... hehehehe
abração!
Por falar em avião e Bruna Surfistinha, a partir de hoje eu só vou escrever "coisas apimentadas". Se a nossa ilustre colega conseguiu ser até pergunta da prova de Conhecimentos Gerais da Anac, por que não eu???
Fala, André, olha eu aqui, serrotando os comentários, rsrs. Cara, lendo as histórias, lembrei que, quando trabalhava no Centro, ia de táxi, na chamada lotada, lendo o meu jornal. Até que um dia, um sujeito, ao meu lado, como o carro balançava muito, não resisitiu e me pediu o jornal emprestado. Detalhe: era a primeira que o via. Era uma serrotada da boa informação... rsrs.
Cara, gostei do blog, vou voltar sempre e o link já está lá, no meu. Um abração.
Gostaria de ter algumas informações sobre um trabalho seu antigo pela Zona Oeste. Sou amiga do Doca. Como faço para te mandar um e-mail. O meu é lumotta03@gmail.com
Obrigada
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