6.14.2007

E A BARRIGA DE CHOPE, MINISTRO?


A polêmica envolvendo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o cantor Zeca Pagodinho sobre a presença de artistas em anúncios de cerveja passa longe do principal problema que envolve a propaganda da "loura gelada".

Recapitulando: José Gomes Temporão é a favor da restrição aos anúncios de cerveja na televisão, por entender que eles incitam ao consumo exagerado da bebida entre os jovens. Além disso, criticou a postura de artistas, principalmente Zeca Pagodinho, à frente destes anúncios, por entender que "não é ilegal o artista pôr sua imagem a serviço disso. Mas será que a atitute se sustenta do ponto de vista ético?" (Revista O Globo nº 150)

Muita gente já vem criticando, com razão, o machismo presente em alguns desses anúncios por colocarem a mulher sempre em posição submissa, às vezes como um "tira-gosto" a mais. Mas o que a meu ver significa uma verdadeira aberração do ponto de vista da falta de qualquer sentido com a realidade é a ausência entre os atores daquela que é a principal característica de quem bebe cerveja. A famosa "barriga de chope".

Sim, porque são raríssimos os bebedores de chope ou cerveja esbeltos. Pode até ser magro, mas sempre rola uma protuberância abdominal. Pois bem, nestes anúncios só vemos moças e rapazes sarados, correndo com desenvoltura na areia, que é o pior piso para quem pratica atividades físicas, e chegando a bares extremamente limpos e com um aspecto onde dá vontade de pedir uma vitamina de banana com aveia e não uma cerveja.

Cadê o ovo cor-de-rosa, a sardinha frita, as moscas, o pano molhado no balcão, as garrafas empoeiradas nas prateleiras e o chinelo de dedo? Onde está a imagem de São Jorge?

A discussão é séria e deve ser tratada com cuidado, tanto a questão do machismo quanto a da influência exagerada do consumo de bebida entre os jovens. A Organização Mundial de Saúde elogiou o Brasil pela redução no consumo de cigarros no país e, segundo o ministro afirmou recentemente no "Programa do Jô", ela foi causada principalmente pela proibição da propaganda de cigarro. Pelo menos meus amigos fumantes dizem que ficam constrangidos quando vão acender um cigarro no bar e percebem que são os únicos fumantes - coisa que jamais aconteceria há uns dez anos.

A ausência da barriga de chope fica assim como mais um ingrediente nesta complexa discussão. Talvez não seja o mais importante, mas com certeza também é fundamental e mereceria um debate mais aprofundado. De preferência, num boteco com mesa de mármore, cadeiras de madeira e ovos-cor-de-rosa.

26 comentários:

Anônimo disse...

Sujeitos com barriga de chope para anunciar cerveja? E pessoas com câncer de pulmão para anunciar cigarros? E gente mutilada ou que perdeu parentes atropelados para anunciar carros velozes? André Luís Mansur para presidente do CONAR!!!!!! :) Abraços

André Luis Mansur disse...

Até entenderia o seu comentário se colocassem uma pessoa com cirrose para anunciar cerveja, mas barriga de chope? Pera lá! Isso nada mais é do que uma ironia. Mas esse pessoal que só bebe coca-cola é fogo, entende tudo ao pé da letra.

Abraços e sempre que puder faça novas provocações.

Anônimo disse...

Se cerveja dá barriga de chope, vitamina de banana também não é bom exemplo. Afinal, todos sabem que banana engorda e faz crescer!

André Luis Mansur disse...

Mas vitamina de banana com aveia é fundamental duas horas antes de beber. Aprendi isso no Sujinho, o bar lá da Eco, antes de uma cervejada com os calouros.

Gustavo disse...

Deixe-me ver se eu entendi: vc tá querendo colocar a culpa da tua "protuberância abodminal" na cerveja? Toma vergonha na cara e vai fazer um exercício, rapá! =P

André Luis Mansur disse...

Eu ando de bicicleta e sou campeão mundial de tênis de mesa, mas se a cerveja vier acompanhada de caldo verde, como nas festas da sua família, fica complicado.

A verdade é a seguinte, amigo: imagem é tudo!

Abraços.

Anônimo disse...

Mas cerveja não dá cirrose, que é uma doença mais ligada a quem pega pesado. Cerveja é até leve. Muitas vezes o chope vai de boi-de-piranha na história, para justificar a barriga. O cara se enche de peixe nos refeitórios da vida, come tudo nos rodízios de massa e depois coloca a culpa na pobre da cerveja! :)
O ilustre Fernando Krieger, que também só bebe refrigerante, com certeza pensa igual a mim! Abraços.

André Luis Mansur disse...

A barriga de chope, mesmo que pequena, já faz parte do folclore da cerveja. Na verdade, acredito que sejam os inevitáveis tira-gostos que acompanham a cerveja, quase todos gordurosos, que engordam, pois tenho amigos que bebem cerveja e não comem quase nada que são magérrimos.

Quanto ao nosso amigo trabalhador, não se esqueça do passado de alcoolismo dele.

Abraços.

DALBERTIANDO disse...

Mansur , parabéns pela polêmica.
Viva a loura gelada com bigode ou sem bigode.Viva o preta sempre barriguda (sou do tempo da Black Principe). A sua grande sacada foi a garotada dos comerciais -sempre bonitinhos e sarados. Salvo o baixinho da Kaizer (que anda comendo uma atriz famosa por causa da ceveja)que tem um perfil de cervejeiro. A número 1 acertou em lançar o Zeca como o garoto propaganda. A Cerva faz bem ao coração, ao tesão (dizem que é bom para ejaculação precoce), a comunicação e a auto estima. Fora para os fumantes -porra cheiro de cigarro e cerveja é foda! A barriguinha é a marca registrada de um bom degustador de cerveja , eu falo de CERVEJA! Não estas merdas que rolam por aí: Itapaivas, Cintras,Buenas , schin, Local, Sol, etc... Até a Skol está uma merda!
Portanto: Viva a cerveja !Sempre acompanhada por tira gostos de carne-seca, moelas, ovos coloridos, pé de galinha, torresminho e uma bela Juliana Paes.
E que o Ministro vá tomar no cú!

Anônimo disse...

Grande poeta! Tinha esquecido do baixinho da Kaiser. Esse sim, um autêntico bebedor de cerveja. Aliás, a Kaiser é a única que botava botecos autênticos nos seus comerciais, e não aquela coisa meio McDonald´s que rola nos anúncios das outras marcas.

Acrescento que a cerveja é o maior fator de integração social que existe. Se Hitler bebesse, não haveria II Guerra. Se Bush gostasse de um boteco jamais mandaria invadir o Iraque. No máximo, resolveria tudo num jogo de porrinha durante a saideira.

Nos tira-gostos, não podemos jamais nos esquecer do bolinho de bacalhau do grande Ernesto.

Grande abraço!

Anônimo disse...

Muito bom o post!
E todas as pessoas magras e saudáveis nos comerciais do McDonald's?

Anônimo disse...

Muito boa a polêmica. Sobre o Bush, o amigo bem sabe que ele teve problemas sérios de alcoolismo. Também, sem fazer nada da vida.... Inclusive, há um período da vida dele (acho que entre 72 e 73) que ninguém sabe o que ele fazia. Praticamente não há fotos ou registros confiáveis desse período citado.
Sobre o Hitler, além de abstêmio, ele era vegetariano e apaixonado por cachorros. Não podia dar boa coisa... :)
Para amenizar, uma piadinha ouvida numa madrugada dessas, na Rádio Globo AM: "Um bêbado entra no ônibus e pergunta: Ô, motorista... Onde eu posso deixar uma garrafa inteira de cachaça e uma porção de torresmo? Pódeixar ali perto da porta mesmo, responde o motô. Ao que o bêbado se aproxima do local, enfia o dedo médio na garganta e... ruááááá´!" Abraços.

Anônimo disse...

Pois é, Luciana, boa lembrança essa. Aliás, sobre esse tema, você viu o filme ´Super size me". Já passei lá no cineclube e é bem legal.

Beijos.

Anônimo disse...

Essa piadinha eu já conheço, Marcello. Aliás, têm piadas nesse estilo no programa ´Planeta Rei´, do Beto Brito, à meia-noite, na rádio globo. E só toca música legal.

Sobre Bush, nada a declarar. Um cara que quase morre sufocado comendo biscoitos não dá, né?

Opa, gostar de cachorros não que eu também gosto, pô.

Abraços.

Anônimo disse...

Pois eu só gosto das cachorras.
A piada era, obviamente, do Planeta Rei, obrigatório antes de dormir.
Agora, tema sério: você já viu o anúncio da Skol em que os caras tomam choque quando abrem a geladeira? Vocês, apreciadores de cerveja, estão sendo tratados como retardados no anúncio ou é impressão minha? Fica o tema para debate.

André Luis Mansur disse...

Pior: estamos sendo tratados como ratos de laboratório. Fala sério!

Unknown disse...

A proibição da propaganda de cigarros foi excelente, uma das poucas coisas boas que fizeram até então..rs Sou a favor de que se faça o mesmo com a bebida, essas propagandas apenas incentivam o uso inadequado de outras bebidas, pois no comercial "tudo é uma maravilha na vida de quem bebe". Esse desabafo não tem nada a ver com o fato de não gostar de cerveja..rsrs..Mesmo sabendo que de todas as bebidas a cerveja é a... vamos dizer assim, a mais inofensiva.. rsrs Quem bebe, normalmente, não sabe quando parar e acaba passando do limite, e ainda tem essa famosa "barriga de chope" que ninguém merece..rs
A discussão é realmente séria, tão séria quanto o número de jovens que se refugiam na bebida como única saída para seus problemas.
Grande polêmica...mas é provável que isso acabe em pizza, como tudo nesse país. O pior é imaginar que dessa vez será pizza com cerveja e não guaraná... :o)
Beijos

Unknown disse...

Marcello, seu cachorro!

Anônimo disse...

Oi, Edeilda. Também sou a favor da restrição, pelo menos evitaria me ver representado como um idiota nestes anúncios. O grande problema da bebida realmente é quando você busca um refúgio nela. Se for beber só para se distrair ou dar uma relaxada, tudo bem.

Agora, pizza com cerveja realmente não dá!

Beijinhos.

Anônimo disse...

Que isso, Aline? Que falta de consideração com o nosso amigo!

Anônimo disse...

André, gostei do post, pela provocação. E dos comentários, pela boa discussão. Mas, me diga, os "sarados", dos anúncios, não estariam serrotando o lugar dos com "barriga de chope"? Depois, cerveja não faz mal a ninguém, o que faz mal é a sua completa ausência ou o uso imoderado. No primeiro caso, não raras vezes, é a razão da existência do mal humorado e no segundo, do irresponsável. Um abraço.

Anônimo disse...

Está aí, Ernâni, não havia pensado sobre esse prisma do serrotismo. Bem pensado. O negócio agora, para compensar, é colocar um monte de gente com barrigas de chope numa propaganda de academias de ginástica.

Sobre seu último comentário, vale aquela frase do Humphrey Bogart: a humanidade está a quatro doses do ideal. Imagine quantos conflitos não seriam evitados se antes de declararem guerra os líderes se reunissem num boteco com cerveja, tira-gostos, violão e um bom papo?

Grande abraço!

Unknown disse...

Olá Mansur, estou de volta.
Sua análise quanto a barriguinha de chope é muito interessante.
Isso me fez lembrar outra coisa. Tenho notado que na maioria desses botecos, lá pelo final da noite quando ninguém mais sabe qual é o seu copo (e outras coisas mais), sempre rola aquela música melancólica (a de corno para ser mais direta) e há sempre aquele sujeito chato que tenta cantar junto. Seria isso uma espécie dos efeitos colaterais da cerveja?
Outra coisa que gostaria de lhe perguntar. Por acaso vc conhece um assíduo freqüentador de botecos chamado Marco Antônio Saraiva? Ele é meu profº e tb mora na Zona Oeste.
Bjs
Aline

Anônimo disse...

Oi, Aline, tudo bem? Estava sentindo falta dos seus comentários.

Bem, duas coisas: o bom bebedor nunca se esquece do seu copo. Eu, pelo menos, sempre sei onde está o meu e aconselho os inexperientes a nunca o abandonarem. E outra: jamais freqüento bares com videokê, a pior invenção dos últimos 500 anos. O bom bar é aquele que não tem TV ligada, nem som alto e muitas vezes sem música ao vivo. É bem provável que essa história do sujeito cantar junto com a música seja efeito colateral da chatice dele mesmo (rs).

Não conheço o Marco Antônio não. Mas se ele mora na zona oeste, pergunte se posso mandar a programação do Cineclube Moacyr Bastos para ele.

Beijinhos e apareça mais vezes.

Anônimo disse...

mansurca...

com certo retardo,
me lembrei agora do
[b]BAIXINHO DA KAISER !!![/b]

não estaria aí a tal figurinha arquetípica que vc não vê nos outros comerciais?
baixinho, feio, gordinho...

André Luis Mansur disse...

Meu amigo Dalberto Gomes citou também o baixinho da Kaiser num dos comentários. Tem razão, é uma prova inclusive de que dá para fugir dos estereótipos com bom-humor e irreverência. Mas parece que o pessoal prefere optar sempre pelo ´mais do mesmo´.

Boa lembrança. Abraços.