9.03.2010

A REBELIÃO DOS SINAIS


RELANÇAMENTO DE "A REBELIÃO DOS SINAIS" e "O VELHO OESTE CARIOCA":

14 DE OUTUBRO - 18h - LIVRARIA EDITAL - TRAVESSA FERREIRA BORGES, 20, CAMPO GRANDE - RJ

16 DE OUTUBRO - 20h - NO BAR CHOPP DA VILLA (LARGO DA VILLA SANTA RITA, EM CAMPO GRANDE - RJ)

Prefácio de "A rebelião dos sinais":

A causa do bom português

Arthur Dapieve

Há não muito tempo um canal de TV por assinatura cismou de, para parecer moderninho, legendar os filmes que exibia numa determinada sessão à moda da internet. E tome vc e tome naum e tome tc. A invencionice foi rechaçada tão rápido e unanimemente que saiu do ar. “A rebelião dos sinais”, minipeça que dá nome a esta coletânea de contos de André Luís Mansur, adota um tom quase infantil para abordar essa questão bem adulta: a contagiosa canibalização da linguagem nas salas de papo na internet e fóruns assemelhados.

Mansur, é claro, legisla em causa própria: a do bom português. Apesar da alegoria do Til, do Ponto de Exclamação e dos demais sinais gráficos – salvo o Trema, coitado, definitivamente desempregado pela nova reforma ortográfica – entrando em greve, a maioria dos outros heróis do autor é bem pé no chão. Eles são gente do povo, comum, de carne e osso, capaz até de escutar Chet Baker no ônibus que volta de Vitória, onde se foi assistir ao casamento de uma ex-namorada (caso do narrador de “O ônibus na estrada reluzente”). Seus personagens frequentam filas do INSS sem nenhuma esperança de transcendência. Eles não comportam a idealização da literatura-como-tese-sociológica.

O narrador de “Zé Pereira” é um bom exemplo. Há vinte anos ele vive feliz, ou ao menos anestesiado, com Suzane. Só os roncos dela o incomodam. Cada vez mais careca, cada vez mais barrigudo, Pereira desconfia que sua chefa lhe joga os olhos verdes em cima por mais tempo que o razoável. Até a noite de temporal em que ela lhe serve um uisquinho após o expediente. “Entendi o que era a traição sentado ali, poltrona giratória, olhando a chuva pela janela”, medita Pereira. É esse caminhar conformado para o cadafalso que delimita o heroismo nos contos de "A rebelião dos sinais”. O heroismo da tragédia grega. Para que lutar contra o próprio destino, seja ele qual for? Inútil, tudo inútil. Diferentemente de clássico helênico padrão, porém, Mansur tem senso de humor. Mesmo na desgraça mais profunda há espaço para um riso dolorido. E para as perturbadoras Reticências...


Entrevista para a rádio MEC, programa Estação Cultura, com Alessandra Eckstein:
http://bit.ly/bwydPc.

18 comentários:

Alessandra disse...

Apaixonante texto de abertura do Dapieve. Não vejo a hora de ler "A rebelião"!!!!

Sucesso sempre, Mansur!

beijos,

Alê

André Luis Mansur disse...

Muito obrigado, Alê, você sempre dando uma força! O texto realmente ficou muito bom, espero que o livro corresponda. Um beijão!

Túlio Villaça disse...

Caraca, se eu não tivesse encontrado a Alessandra Eckstein por acaso ou passasse aqui não ficava sabendo do lançamento do livro. Mas tudo bem, eu vou mesmo assim. Maneiro o prefácio. Abração.

André Luis Mansur disse...

Eu ainda vou mandar o convite, ô mané (rs). Abraços.

Cristiane disse...

Tem gente que não gosta, mas eu curto demais ler contos. Fiquei bastante curiosa pra ler o livro já que o prefácio cumpriu sua função: colocar a pulga atrás da orelha do leitor.

Beijos e sucesso!

André Luis Mansur disse...

Oi, Cris, tudo bem? Que legal! Vou até falar com o Dapieve isso. Eu sempre gostei muito de contos, principalmente Machado de Assis, Fernando Sabino e João Antônio.

Beijos.

Adinalzir disse...

É uma pena que eu não poderei ir... Mesmo assim, meus parabéns pelo livro e muito sucesso para você!

Um grande abraço! :-)

André Luis Mansur disse...

Uma pena mesmo, professor. Mas depois marcamos um encontro no bar do Ernesto para batermos um papo. Grande abraço e agradeço pelo apoio!

Anônimo disse...

Marcello disse...

Estarei lá, levando minha presença hexacampeã.

Abraços.
MARCELLO BRUM

André Luis Mansur disse...

Será bem-vindo, amigo! Só não vá uniformizado, até porque até lá não sabemos exatamente em que colocação o seu time vai estar.

Grande abraço!

Galera que lê disse...

Parabéns André. Coloquei um post no meu blog sobre o lançamento.
http://bloggaleraquele.blogspot.com/
abraços
Cris Gusmão

André Luis Mansur disse...

Obrigadão, Cris. Muito bom o blog, parabéns! Beijos!

Aline Targino disse...

Olá Mansur!
Como vc está?

Bem, primeiramente gostaria de dizer que fiquei muito feliz em te ver. Ademais, já sou sua fã, rsrs.

Vamos lá, já li boa parte do seu livro e estou a-d-o-r-a-n-d-o. A peça da rebelião está fantástica; é um ótimo pretexto para usar em sala de aula e atiçar os alunos para a escrita do bom Português. Os contos são intensos, mas gostaria de falar mais sobre todo o livro depois, com calma...

Estou enviando as fotos de ontem pra vc.

Bjs e muito sucesso com o "Rebelião".

Unknown disse...

Uau!!!
Que chique nosso bate-papo assim na rede!!!! Amei!! rsrsrsrs
E parabéns pelo livro, delicioso de ler do início ao fim!!!!!
beijão,

Alê

André Luis Mansur disse...

A entrevista ajudou muito (rs). E pode deixar que em breve levo o livro ´oficial´ à rádio. Beijão!

Papel Das Artes disse...

Fiquei curiosa para conhecer "A rebelião dos sinais". Maior concidência tenho uma historinha infantil sobre o trema, Pingo no I... parabéns pelo blog e continuemos interagindo, sempre!

André Luis Mansur disse...

Obrigado, Cleusa. Depois me fale mais sobre a sua historia infantil. Beijos.

Rafael Cruz disse...

Ah! Adorei!

André, já li o seu livro e achei sensacional! Estava mesmo precisando ler um livro de contos que tivesse o seu estilo de escrita. Período de monografia é fogo e acabou comigo. Felizmente seus contos me permitiram ter raros momentos de entretenimento dentro desta fase. Agora que eu já defendi, vou preparar a sua entrevista, que há meses está batendo na minha mente, mas por falta de tempo não conseguia colocar no papel. Acredito que até semana que vem estou te enviando.

Abraço e parabéns pela excelente obra!
Rafael