8.27.2007
INGAIO PAPAGAIO (POEMA DO CONTROLADOR DE VÔO)
Que lugar é esse
onde exclui-se o mundo
onde esfria a vida
e o sabor de encontrar-se
contém-se em papilas
de medo repartido?
Que lugar é esse
escuro e frio
onde brilham feixes
de elétrons concentrados
em LUAS CHEIAS de perigo iminente?
Que lugar é esse
que me impõe essa existência
cheia de dor e esperança?
Que lugar!
Templo de tecnológica penunbra
Obrigação escalada de seres aborrecidos
Farol permanente de alados monstrengos de aço
Que lugar!
Onde me desfaço e
me descabelo
me despeço cada vez que entro
e me liberto cada vez que saio.
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - 21/4/81 - Sala de radares, Controle de Tráfego Aéreo
Silvio Alves (jornalista e controlador de Tráfefo Aéreo reformado)
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4 comentários:
Belo achado, Mansur:
Pelo que vi, o poema é de 1981 -- porém, segue atual (e, pelo andar da carruagem... e pelo vôo dos aviões, vai continuar atual pelo próximo milênio! ! ! )
abs, ZEROCAL.
Obrigado. É de um amigo meu, que inclusive tem sido muito eficiente para explicar detalhes do ´caos aéreo´ que só quem esteve lá dentro pode explicar.
Abraços.
Interessante mesmo. Depois, dá uma olhada em "penumbra". E, para não deixarmos de lado aquele nosso escritor favorito: "A viagem é a mais burra das experiências humanas". E agora os problemas começam já no aeroporto. Mas quem anda de trem também está sofrendo. Lamentável o acidente em Austin. Abraços.
É, eu conheço essa frase e a adoto sempre.
Essa do trem foi demais. Mais dez segundos e eles não bateriam, mas tem que investigar tudo. Um acidente desse não pode ficar impune. Eu, por via das dúvidas, sempre preferi viajar nos vagões do meio, nunca no início nem no final. Ontem mesmo fui ao centro no trem coreano.
Já consertei o ´penumbra´. Valeu.
Abraços.
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