9.07.2008

POR CAUSA DE UMA PIPA LILÁS


Um dia eu quebrei o dedão do pé e acreditei que aquela era a maior dor do mundo. Um dia, com oito anos de idade, correndo, quebrei o dedão do pé direito. Com oito anos de idade constatei que não-liberdade significava ter que ficar com um pedaço do corpo abafado por uma parede disforme e branca (que breve receberia as mais criativas pichações), enquanto as pernas sãs, bastante ou não tanto ligeiras, das demais crianças se gabavam no pique-pega. Com oito anos quebrei o dedão do pé direito e constatei que a maior injustiça do mundo era eu não poder mais ser bailarina, leve.

Após oito enigmas indecifráveis, com os anos que pude ter até então, percebi que o que há de pior é aquilo que não dói tanto e que, portanto, não pode ser considerado “a maior dor do mundo” em algum momento. É aquilo que se encaixa nas horas. Cabe nos dias. Nos anos. Aquilo que não sobra e nem sequer precisa. Nem sequer precisa de uma pipa lilás cambaleante levantando vôo, numa aquarela viva emoldurada pela janela do meu quarto — precisa epifania. Não precisa. Nem sequer quer do mundo um bem-me-quer.

BRUNA MITRANO (www.deliriolilas.blogspot.com)

2 comentários:

Bruna Mitrano disse...

Nossa, fiquei muuuito vermelha agora..rs.
Obrigada, André! (pode deixar que eu te pago conforme o combinado!rs).
Caramba, nem sei o que dizer.
Vou dar minha opinião: eu não gostei desse texto não. Tá, geralmente eu não gosto do que essa garota escreve, mas esse, particularmente, achei bem ruinzinho mesmo...aff
Obrigada por me ler e por fazer essa propaganda!rs. Grande honra estar no seu blog! Thank you again!

Anônimo disse...

Ora, quem é você para achar o texto da Bruna bem ruinzinho? Pra mim, isso é inveja.