11.05.2007
A VACA NO QUINTAL
A adulteração do leite com soda cáustica e outras substâncias venenosas (um crime mais do que hediondo) apenas reforça a tese de que no Brasil, país onde as leis só existem no papel e as punições são brandas, deveríamos voltar a viver de forma primitiva. Para começar, uma vaca no quintal. Teríamos leite fresco, sem porcarias industrializadas para consumir e, portanto, a garantia de um produto saudável, principalmente para as crianças, as maiores vítimas do crime do leite.
A evolução tecnológica só faz sentido se vier acompanhada de uma estrutura jurídica e ética que impeça, ou pelo menos puna, os excessos e distorções oriundos desta mesma evolução. Isso evitaria, por exemplo, que o automóvel, elemento fundamental em qualquer parte do mundo, aqui seja mais lembrado como um dos principais responsáveis pela alto índice de mortes violentas, principalmente entre os jovens.
Da mesma forma, é inconcebível imaginar um mundo hoje sem aviões "cruzando mares e oceanos". Mas aqui no Brasil, nos últimos tempos, pelo menos, a invenção do brasileiro Santos Dumont tem sido sinônimo de longas filas de espera, overbooking e, o que é mais grave, falta de manutenção das aeronaves e sobrecarga de trabalho para pilotos e controladores de vôo.
A televisão, além de toda a carga de violência que despeja todos os dias em milhões de telespectadores, é uma das principais responsáveis pelo aumento dos casos de obesidade. Aquela clássica cena estilo "Homer Simpson" do sujeito horas em frente à TV com a latinha de cerveja apoiada na barriga e comendo batatinhas industrializadas é cada vez mais comum. E haja calo nos dedos para mexer no controle remoto.
Falando em batatinhas industrializadas, voltemos aos alimentos, e aí não falo nem dos industrializados, que precisam de substâncias químicas para continuarem na validade. Mas e os agrotóxicos nas frutas e legumes? E os casos de carne fora de validade, que comerciantes inescrupulosos adulteram para permanecerem "frescas"? E o famoso pão com bromato? Não é à toa que muita gente vem optando pela agricultura orgânica, que nada mais é do que a comida como deveria ser feita.
Poderia citar inúmeros outros exemplos, como o telefone celular, usado hoje como instrumento de extorsão, a internet, repleta de vírus e de quadrilhas que roubam senhas de bancos etc, mas já que as coisas não devem mudar tão cedo, o jeito é voltarmos mesmo ao estado natural das coisas. Agricultura orgânica, carroças, pombo-correio, conversa na sala de jantar (uma raridade hoje em dia) e, é claro, a vaca e também as galinhas (não nos esqueçamos dos hormônios) no quintal.
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7 comentários:
Mansurca,
seu texto me fez lembrar a história daquele xeque árabe que certa vez disse: "Meu avô andava de camelo, eu dirijo meu carro, meu filho pilota seu jatinho. Meu neto, vai andar de camelo...".
Não tem tanto a ver com ética, mas com a crise do petróleo, que está por vir...
abs, CAL.
Me amarrei nessa comparação, embora tenha mais a ver com a crise do petróleo. É claro que no texto eu exagero, mas algumas coisas terão que mudar. Não duvido nada que daqui a algum, por exemplo, os carros venham com algum limitador de velocidade.
Abraços.
Falou e disse, André..
Pela democratização das VACAS!
Vaca para todos, já!
abracetas, Sal
Está cheio aí na sua área, hein, Sal. Ontem mesmo eu vi aquela do lado do Drummond.
Abraços.
A velhice é a segunda infância. E a humanidade deve estar perto do fim. Aí volta a ser criança (hoje mesmo levei fraldas geriátricas para o meu avô, de 91 anos).
Em muitas coisas, voltamos (ou nunca saímos) da pré-história. Há até quem fale em "olho por olho, dente por dente", copiando o que dizia o nosso simpático (e não contemporâneo) Talião.
Abraços.
Conheço algumas pessoas já de idade bem avançada, que após se separarem voltaram a morar com a mãe. E ainda levam esporro quando chegam meio bêbadas.
Tudo é cíclico, não adianta. A medicina, por exemplo, está tão avançada, mas às vezes o que conta mesmo é aquele velho chazinho da vovó.
Abraços.
E viva o Peloponeso!
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