1.26.2009
LULA E O DIA DO FICO
Não sei não, mas cada vez me parece mais que Lula quer repetir D. Pedro I.
Faltando dois anos para o fim do mandato, o presidente Lula vive um dilema aparentemente inconciliável: como transferir parte dos 80% de sua aprovação pessoal pelo povo (pelo menos é o que dizem os institutos de pesquisa) para um candidato. Pois a não ser que haja uma mudança radical no quadro político, já deu para perceber que a ministra Dilma não terá força e, principalmente, carisma (mesmo com a plástica) para receber o bastão da permanência do Partido dos Trabalhadores no governo.
Como não há prováveis sucessores dentro do partido, já que os amigos mais próximos foram atropelados pelo rolo compressor do mensalão e outros escândalos, Lula vê como única alternativa para a permanência do PT no governo o terceiro mandato, que, a julgar pelas pesquisas, é barbada certa para ele.
Mas o presidente da República não pode defender abertamente um terceiro mandato, pois pode cheirar a golpismo. No Congresso, a possibilidade de que tal idéia vingue é, além de remotíssima, extremamente desgastante politicamente. Por isso, Lula optou por um caminho menos espinhoso, menos exposto, o caminho da sutileza, do tipo “comendo pela beirada”.
Embora Lula negasse essa possibilidade, um ou outro aliado sempre dava uma declaração aqui e ali, deixando a possibilidade em aberto, situação parecida com a do sujeito que gosta de uma garota, mas por excessiva timidez pede a um amigo para interceder por ele.
O presidente, no entanto, parece estar perdendo a timidez no assunto reeleição e a possibilidade do terceiro mandato já parece clara e tentadora. A maior prova disso foi a recente declaração dele defendendo a possibilidade do presidente venezuelano Hugo Chávez se candidatar indefinidamente à reeleição naquele país e afirmando, textualmente, que no Brasil “isso não impede que, daqui a um tempo, apareça um partido, uma maioria de deputados, que proponha mudar a lei que proíbe ter apenas uma reeleição (para) poder três ou quatro. Isso pode acontecer”.
Se a tônica será esta daqui para frente, é bem provável que Lula prepare um novo “Dia do Fico”, quem sabe em nove de janeiro de 2010, 188 anos depois de D. Pedro I ter dito, no Campo de Santana, sua famosa frase “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que eu fico”!, recusando a partida para Portugal e preparando o terreno para a independência do Brasil e sua posse como primeiro imperador do país.
Mas se Lula repetir a frase de D. Pedro I, uma coisa é certa. Pelo menos desta vez ele não poderá iniciar o discurso com o seu já famoso bordão: “Nunca antes na História deste país...”
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8 comentários:
Acho que o Brasil se acostumou ao Lula.
É verdade, só Lula se safou no PT.
Gostei do final!rs
É.Para se ´blindar´ ele teve que sacrificar todo mundo. Política é assim mesmo.
Não podia terminar de outro jeito, não acha? (rs).
Beijos.
Nossa!!! Nem vou comentar o mote do texto... Mas não posso deixar de falar da sua habilidade com a escrita. Adorei o texto... leve, com humor. Parabéns, Mansur.
Bjs,
Cirlene
Vindo de uma crítica literária do seu nível, só posso ficar feliz com esse comentário. ´Leve e com humor´ é sempre o meu principal objetivo quando falo de assuntos espinhosos. Acho que vou até me aventurar em novas análises políticas.
Beijos.
Altamente hilário!
Valeu, garoto. Apareça mais vezes.
Abraços.
André você é maravilhoso!! Grande texto... não farei comentários do nosso digníssimo presidente..rs.. mas uma coisa é certa "Nunca antes na História deste país..." ouvimos tanta bobeira....rsrsrsr....sem contar o que vimos e sentimos...só Deus mesmo. :o)))
Beijos
Obrigado pelo elogio, Edeilda. Quando vier ao Rio, prometo que te pago um almoço.
Nem discuto o governo do nosso presidente, só não aguento mais as falácias dele. Um presidente precisa ter um mínimo de compostura, não acha? É cada uma que ele manda.
Beijos.
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