(Publicado no caderno “Zona Oeste”, do jornal “O Globo”, em 13 de setembro de 2008)
Em “O Velho Oeste carioca”, jornalista André Luis Mansur divulga sua pesquisa sobre a região
Por Thaís Britto
Reza a lenda que a região da Ilha de Guaratiba recebeu este nome por causa de um marinheiro inglês chamado William, que chegou ao Brasil junto com a comitiva de D. João. Outra sugere que a origem do futebol no Brasil não é nada daquilo que se pensa: o esporte teria nascido aqui, com os funcionários ingleses da Fábrica Bangu, antes da chegada de Charles Müller. Entre causos e fatos, o jornalista André Luis Mansur, de Campo Grande, lançará em outubro (o livro foi lançado no dia nove de dezembro, no Paço Imperial) o livro “O Velho Oeste Carioca”, onde reúne cinco anos de pesquisa sobre a Zona Oeste e sua importância na formação do Rio.
A idéia de lançar o livro surgiu no ano 2000, quando Mansur trabalhou como freelancer no projeto de pesquisa dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.
- Sempre via informações sobre a Zona Oeste nessas buscas, mas sentia falta de publicações especíificas sobre a região. Acabei me interessando por trabalhar com pesquisa e passei a procurar histórias – comenta o autor.
Ele conta ter passado muito tempo em bibliotecas, entre as quais a do Centro Cultural Banco do Brasil, a Biblioteca Nacional e a do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos, onde trabalha.
Diarios de viajantes europeus e obras históricas, como “As freguesias do Rio Antigo”, de Noronha Santos; Histórias das ruas do Rio”, de Brasil Gerson; e “Donos do Rio em nome do rei”, de Fania Fridman, foram algumas das principais fontes de informação jornalista. Morador de Campo Grande, ele fará o lançamento oficial da obra na livraria Arlequim, no Paço Imperial, no Centro. Mas a première será no Chopp da Villa, no bairro onde mora. Comandado por Seu Ernesto, o bar é uma ode aos velhos tempos da região.
- O Chopp da Villa é um lugar que resgata as origens da Zona Oeste. As paredes são cheias de fotos históricas e raras da região. Além, é claro, de ser um ponto de encontro cultural em Campo Grande – acentua Mansur.
De piratas a encontros amorosos
Quando finalizou a pesquisa, em 2005, o jornalista tentou lançar o livro, sem muito sucesso. Para dar vazão às histórias, surgiu o blog Emendas e Sonetos, (emendasesonetos.blogspot.com), que serviu tanto para testar o alcance da pesquisa com os leitores para, finalmente, despertar o interesse de uma editora, a Ibis Libris.
- Não queria algo que se restringisse aos moradores da Zona Oeste. O blog acabou sendo o termômetro de aceitação do livro. Recebi e-mails de muita gente, de estudantes de outros estados que pesquisavam sobre a região – conta Mansur.
Além da ilha do Seu William e do nascimento do futebol em Bangu, o autor narra fatos inusitados como a concorrência entre uma famosa marca de refrigerantes e o suco de laranja em Campo Grande (o bairro era um dos maiores produtores da fruta) e a invasão de piratas franceses, no século XVIII, em Barra de Guaratiba.
- Em 1710, uma esquadra de piratas franceses tentou invadir o Rio de Janeiro pela Baía de Guanabara. Como encontrou resistência, chegou à Barra de Guaratiba, rumou para a Barra da Tijuca e alcançou o Centro, onde acabou derrotada – explica o autor.
O bairro de Santa Cruz, de importância vital para a História da cidade, ganha espaço no livro com diversos monumentos, como a Ponte dos Jesuítas, a Fonte Wallace, o Hangar do Zeppelin (único hangar de dirigíveis ainda existente) e a Fazenda de Santa Cruz, onde hoje está instalado o Batalhão Villagran Cabrita.
- Quando D. João chegou aqui, encantou-se com a beleza da fazenda e ali construiu sua residência de veraneio. Muitas decisões importantes do Império foram tomadas aqui. E muitas histórias secretas aconteceram também, como os encontros de D. Pedro I com a Marquesa de Santos – acrescenta.
A História mais próxima da população
O historiador Sinvaldo Souza, morador de Santa Cruz, é referência na região quando se fala em passado da Zona Oeste. Segundo Mansur, ele foi um colaborador próximo, passando informações e bibliografia.
- O que o Mansur fez nesse livro é bem similar ao que Eduardo Bueno faz com a História do Brasil. Ele pegou livros importantíssimos, com uma quantidade valiosa de informação, mas que são muito chatos. E deu a eles uma linguagem jornalística, muito mais acessível às pessoas – comenta o historiador, que acredita na oportunidade do lançamento do livro.
- Acho que é muito legal para a Zona Oeste conhecer e se interessar mais por suas raízes. Os marcos históricos, por exemplo, estão abandonados, pois as pessoas não sabem do que se trata.
2 comentários:
Cê tá fazendo um baita sucesso, seu moço!!
Viva! Viva! Viva!
Obrigado pelo apoio entusiasmado!! Realmente está indo tudo bem, mas aguardo ansiosamente sua crítica do livro. Pode falar a verdade que não irei cortar relações. No máximo, os pulsos.
Beijos.
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